CIAO CINEMA ODÉON
já não podemos ir ao cinema Odéon
gingar de lado como o couraçado Potemkine
e ficar ganzados atrás do Largo do Rato
a curtir a blogosfera
numa de doutor Mamute e Pirofosfato
lançando vitriol no cachecol do doutor Pacheco
nem podemos ir a Algés
nadar dentro do Aquário
ao lado dos grandes lamelibrânquios
que sulcam os bigodes (falsos)
do comendador O'Neill pai da pátria
e também não podemos arrancar
rosas do Rossio
(tiraram-nas! os filhos da Pítia
de qualquer Câmara)
já não podemos ir ao campogrande
fugir dos discursos pirosos
do doutor máriossoares
há chuis e automóveis por toda a parte
há manuelalegres a defender o bispo do funchal
e o motaamaral e a rimar em "ar"
para que se imagine que alguma vez
houve mar em Portugal
neo-Petrogal
gingar de lado como o couraçado Potemkine
e ficar ganzados atrás do Largo do Rato
a curtir a blogosfera
numa de doutor Mamute e Pirofosfato
lançando vitriol no cachecol do doutor Pacheco
nem podemos ir a Algés
nadar dentro do Aquário
ao lado dos grandes lamelibrânquios
que sulcam os bigodes (falsos)
do comendador O'Neill pai da pátria
e também não podemos arrancar
rosas do Rossio
(tiraram-nas! os filhos da Pítia
de qualquer Câmara)
já não podemos ir ao campogrande
fugir dos discursos pirosos
do doutor máriossoares
há chuis e automóveis por toda a parte
há manuelalegres a defender o bispo do funchal
e o motaamaral e a rimar em "ar"
para que se imagine que alguma vez
houve mar em Portugal
neo-Petrogal
2 Comments:
Tem razão caro Drummond!
Portugal está a desaparecer, esta é uma nação de escravos e suícidas. Não sei que lhe dizer, o País está a ficar um caco, sem brio. Destruição, destruição por todo lado. A minha rã ía morrendo intoxicada, no pequeno lago onde vive, alguém decidiu lavar peúgas com detergente, um VIP atirou com uma beata pestilenta e uma avó largou umas fraldas porcas. Olhe, não sei o que lhe diga, prefiro o país nos feriados porque quietos somos mais produtivos.
Um abraço para si, caro poeta,
aqui do cata-rãs.
P.S. A minha rã está melhor mas perdeu uma unha, que ficou colada ao adesivo da fralda.
Caro Cata-Râs,
Mesmo com humores sombrios benvindo de volta a este blog que é inteiramente dos leitores :- ) A mim parece-me que Portugal desaparece ciclicamente. Eu com mais de duzentos anos de idade já o vi desaparecer um ror de vezes. A verdade é que foi renascendo cada vez mais raquítico e digamos desde já: mais feio.
O Guerra Junqueiro escreveu um livrinho chamado "Finis Patriae", em que se lamentava pelo fim de uma certa ideia de Portugal. Alfredo Bryce Echenique, escritor peruano que viveu em Paris nos anos 70 revela que ao voltar a Lima só 10% da antiga Lima da sua infância restava.
Portugal ficou sul-americano, amnésico, de costas viradas para si mesmo, deslumbrado com o pior da "modernidade" - e arquitecturalmente falando cego, como um duplo Édipo em Colonna. Daí estas larvas gigantes, os Centros Comerciais que avançam por todo o lado, com um cortejo de rotundas, de bulldozers, de janelas de aliumínio, de ar condicionado, de asfalto e cimento e os tristes prédios, urbanizações e condóminos da era.
Estado de praga urbanística total, sem dúvida. O melhor caro Cata-Rãs será reconstruir o seu Submarino Amarelo.
Trocámos bosques e cidades mágicas pela magia negra do petróleo e do hamburger. Aceitar a civilização coca-cola tem sempre um preço, viver com um adesivo à roda dos olhos.
Um abraço,
Drumas
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