UM JAPONÊS EM PORTUGAL
Em Portugal em que a actual esmagadora maioria dos urban people veio da província as pessoas tem não só vergonha das suas origens camponesas como raiva contra todo o tipo de espaço que lhes lembre o campo.
Além disso, tem um mau conhecimento do que seja realmente moderno o que as leva a ter a superstição da modernidade. Tal como nós japoneses que nos deslumbrámos com o Skyscape definido pelos arranha-céus, e destruímos uma cidade incrível, a antiga Tóquio, para construir uma Nova Iorque ainda mais nova iorquina, os portugueses destroem as suas antigas e carismáticas cidades, substituindo-as pelo pior (sub) urbanismo europeu.
Tanta fealdade na verdade não só deprime, como mata. O ar triste dos portugeses deve-se, na minha opinião, em parte ao ar trístíssimo das suas novas habitações. O feio é triste. As casas não poéticas oprimem. A crise portuguesa tem uma raíz óbvia: habitam mal, vivem mal, estão deslocados no espaço e no tempo. Dá ideia de uma população inteira de refugiados, a viver em bairros periféricos que crescem como cancro.
Hatamuro Sokai
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