BRONKKKCRASHBANGCATAPLASHHHH!
Há muitas maneiras de intepretar esta fotografia. Para um polícia trata-se de uma ocorrência. Para um português médio xanaxado trata-se do suicídio de uma locomotiva. Para um engenheiro que acaba de tomar LSD de uma locomotiva que ansiosamente beija a terra. Para o mirone comum um apetitoso desastre que lhe durará para toda a vida. Para o ecologista cem por cento puro e duro é sem dúvida alguma uma visão idílica da agonia das máquinas. Para uma testemunha de Jeová a prova que o fim está perto. Para o nostálgico do Antigo Regime a prova que as modernices não são seguras e pifam estrepitosamente. Para o canibal, bem, vira as costas, não passa de um monte de metal. Para o escritor que consegue ser todos estes personagens as interpretações não tem fim.
Por isso vejamos o que é esta foto para alguns escritores- Como escritor papa-prémios à Gonçalo M. Tavares (Esse "M" ao meio, atravancado tipo agente de móveis da Ikea, Gonçalo!) esta fotografia representa o Sr. Locomotiva, que saiu de manhã de casa sem lavar as mãos nem a ponta do nariz. Por isso, porque no fundo trabalha num laboratório da ASAE, o sr. Locomotiva passa todo o dia com as mãos enfiadas nos bolsos, e não escreve como de costume um soneto por cima da bactéria, a Escherichia. Não retira as mãos dos bolsos ao passar diante do chefe do laboratório de cujas orelhas nesse dia sai pus de larvas microscópicas e num triunfo da irreverência discreta o Sr. Locomotiva consegue passar o dia inteiro a rodar com a língua o manípulo do microscópio electrónico e não ser fusilado pelo chefe. Depois, quando toca a sineta de saída, o Sr. Locomotiva depois de uns olhares vagos para as nuvens verdes do céu de Lisboa, e para o vento sem plumas do mesmo céu, que cheira a iodeto, percorre um troço de rua. a assobiar. de mãos nos bolsos, feliz que nem um petiz e daí a nada, na maior normalidade chega ao controlador automático do metro e enfia o cartão com a boca por cima da placa negra, enquanto se abrem as portas de plástico à sua frente e ele passa, sempre de mãos sujas enfiadas nos bolsos. Mas, a certa altura muda de sonho, de paradigma, de realidade - o que faz ler montes de Paulo Coelho! e segue sempre em frente,a todo o vapor e fura a parede e cai como uma locomotiva no empedrado.
Para o poeta concretista brazuca Haroldo de Campos - alô seu haroldo! - esta é uma L.O.C.O.M.O.T.I.V.A muito polímera e decomponível. Assim Haroldo no seu isolamómetro tropical dinate da Barra de Tijuca Mete a LOCOMOTIVA num acelerador de partículas, e ela decompõe-se em elementos cada vez mais pequenos. A primeira fracção a uma velocidade de dez mil turpobenzenos por milisegundo dá isto (além de um singular número de LmOts - longer molecular Ordinary transient sffs)
LOCO
MOTIVA
Em êxtase controlado Haroldo de Campos levanta a careca aos céus e diz voilà voilu le monodrame du jour n'est pas perdu! E dirige-se ao HEnorme Tableau Noir do concretismo corrente litérária da Lusiputâmia e explica às massas ávidas de saberes pós-patafísicos que o seu acelerador de partículas ainda não foi desta que pifou e que já tem provas objectivas para formular uma primeira hipótese:
O LOUCO MOTIVA furou a parede dos hospicio, aterrou de nariz no passeio e torna-se uma pérola gestáltica, uma driving impulsional resource para motivar a equipa a ir toda para a cervejaria em vez de passar um dia a aspirar ar condicionado porque disfuncionou nas paralelas.
Haroldo de lábios comprimidos dirige-se para o taquígrafo que lhe sai imediatamente do neo córtex e escreve de imediato no moleskin mole de verdade feito com pele de skin: Disfunção na corrente de consciência das vidas paralelas provoca MOTIVAÇÂO LOUCA.
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