/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: PRAÇAS (Restauradores)

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2009-07-28

PRAÇAS (Restauradores)



aqui suicidaram-se

400 voyeurs

e cinco heróis da independência

sniff levaram um tiro

certinho entre os dois olhos

mas depois passam eléctricos

e repúblicas por cima

as repúblicas do verde ao vermelho

são sempre um bocado amarelas

no meio da praça há um monumento

que deita a lingua de fora aos nómadas

a minha língua: a de ninguém, a tua a de toda a gente

e enquanto o homem de fraque insiste que é Jorge-Luis Borges

eu Calígula trago-lhe um cavalo

há que ter compaixão pelos loucos não é verdade?

Há que saber montá-los em belos corcéis azuis com asas

e entregá-los ao cérebro das cidades

os lampiões, os anúncios a publicidade demente

a gente que anda escondida dentro dos sapatos

e a outra que passa de viés num ângulo raso com o poente

preocupada em ser fantasma antes do tempo de o ser

convenientemente

ouáh ouáh a mulher que olha as montras nos olhos

e depois arranca um seio do decote

e o morde diante de toda gente

também já viveu aqui e vive aqui

e vai~se atirar do quinto andar de um hotel

que é sempre mais chique cair na vertical

da varanda de um hotel onde há principes

e grandes chulos de luvas brancas e mulheres

que sabem deslizar sobre estolas de peles

maginficamente nuas cobertas de charutos

eu pelo menos gosto do luxo das cidades agnáticas

das cidades brancas cheias de monhés solícitos

que vendem sedas impensáveis e no sorriso trazem

escadarias de pérolas e coisas miríficas das índias
s

memso que sejam as Índias albdrabadas depois do império

Oh grandes mentiras da humanidade eu hoje amo-vos

com uma exactidão que me lembra quadros do Kandsinsky

(depois de provar um vinho temperado com datura, naturalmente)

e de ter fugido do curso de teosofia

eu hoje estou a andar na praça dos restauradores

e há dez anos que não uso as calças jeans desta era de gente igualóide

com um trapézio na tromba comprado na candonga

e interceptado por um a raiozinho de sol em segunda ou terceira mão

porque isto de astros anda tudo falido

Pumba. despencou fachada abaixo o que eu julgo ser um anão

de jardim, com cara de fauno entre-parenteses,

ue belo o sangue anémico que deixa, qual baba de caracol dos Andes,

daqueles que devagarinho comem as montanhas mais altas

e depois dizem que é espirais e labirintos e que sei eu de mundos

cícilcos onde todos nós somos sempre o outro, que nos ignora,

desorientado, o pobre, porque tem mais que fazer que saber que também

é nós mesmos, noutro ângulo, noutra passagem estrita ou literal, ou mesmo transliteral

como a daqueles filósofos da linguagem que

de tanto se transformar em linguagem perderam a carne , o sexo e a metonímia.

Entretanto cantam as buzinas (em vez dos galos)

e o ronco dos motores não imita o tropel dos cavalos

mas sabemos que haverá mortos mais logo quando a nossa barriga acústica e visual

for ver televisão e então se transformará num aquário

cheio de peixes idiotas e estupefactos

iguais aos leitores dos tablóides, mas em mais prata

Mas que digo ? eu não digo nada, deixo que as coisas me digam

eu nem sequer sei falar como um Racine

e ó Rimbauds da mamã, invejo os manguitos do pintor Soutine!

Portanto as coisas na sua algarviada matutina

feita de cantos de sereia colados nos collants das bailarinas

emudecem-se - ou tentam - umas às outras - e depois devoram-se

num misto de cruel alegria e de indiferença colorida

que talvez agrade aos deuses e aos desertores

e a todos os que tem um olho irritado com as coisas de hoje

e o envesgam e o atiçam e o fazem disparar outros venenos mais subtis

que a velocidade

E oh praças assim olhadas! vós suspendei-vos dos solecismos

e ficais abreviadas ou obrigadas a mergulhar no rio

antes do tsunami morno do crepúsculo e dos cantos

dos mil ardinas escorraçados pela sardinha

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