/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: CANÇÃO PIRATA DE UM VIOLENTO OUTONO

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2006-11-04

CANÇÃO PIRATA DE UM VIOLENTO OUTONO




Ainda tem passo de lobo, e vem clandestinamente a coberto de um milhão de folhas, sem uivar, solitário como uma caveira verde, perdida num poço antigo onde as má fadas giram, agudas, nos seus gritos de despedida?

Mas traz a clorose, a lepra dos muros, a fantasia neurótica das últimas rosas que subiram às nuvens, e acharam os céus horríveis. É o Outono de quem falo, com os seus dentes atrasados, e a mão molhada e mórbida escalando cada árvore, virando cada pedra. Tem rosto de Plutão; traz trevas. Estalam as folhas secas, torcem-se os ramos mais altos e o verde, o verde do génio suspira por uma fenda!

Pastam nos montes sombras raras, difusas e oblíquas, assombrações que dariam delícias a inglesas de cabelos loiros presos num carrapito, e sensações intermináveis de eternidade a sisudos especialistas do Egipto! É o Outono, derrota dos dias demasiado longos, pescoço cortado dos galos nobres, ombreados de sol, que batiam as asas em puro Hélio, e devolviam à terra cometas, estremeções, vias lácteas, veneno de estrelas, com o seu canto roufenho que bateu na cara de Átila e saudou o rosto dos assassinos.

Mil ventos contrários cortam o pescoço ao soufi em oração, massacrado pelo seu tapete onde duas gazelas lhe mordem os fígados, enquanto Alá, sim Alá, o bêbedo, tropeça e ri em línguas vis, e ergue os seus bordéis por todo o lado, sem que o puro pelicano, o único sábio que reuniu todos os livros sob as asas manchadas de sangue de todas as insónias da humanidade o possa impedir. Então esse miserável apalpa as moças escravas do mcdonald, as que fazem aquelas mistelas inomeáveis com que a raça ruiva americana crê dominar a fantasia celta e pré-latina e as hordas puras de bárbaros faustosos, que tratavam o Sol e a Lua como irmãos e se sentavam, nus, no alto da montanha, depois de voar com as águias, e de sentir em cada poro da pele cada povo da liberdade ah mas talvez mais tarde congemine as puras papoulas do entendimento, e arrase os diques pétreos com que a raça cimentária crê que controla as forças naturais

Que prazer ver as coisas técnicas a pifar! Só por isso, escoiceia, morde, empina-te, descasca a morosa camada das indecisões lusas sem pequenos refinamentos latinos nem a violência luminosa dos gregos. Magnífica a violência num tempo de comesuras, de sonetos oleados, já arrebentados de sifilis, feitos pelos madalenos