EU CAIO
e assim num dia sou água, noutro vento,
e das lides humanas nada conheço
e caio, sempre mais baixo,
como o Universo sempre a cair
pelo Universo
não pergunto às nuvens o seu destino
nem me interessa saber se eu sou o destino delas
ora as sigo, ora as guio,
e depois esqueço-as tal como elas e a natureza
se esquecem de mim
mas há dias em que me lembro dos dias
em que subia à Fonte só para poder cair com mais vigor
pela cascata abaixo sem querer saber se eu era a flecha
ou o alvo
se era os deuses ou o que fica deles lá longe
numa poalha dourada por onde passam os flamingos
e as grandes coisas com cores das tardes calmas
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home