ISTO DE SENTIR-SE UM ÍNDIO EM TERRA ESTRANHA
Embora nenhum índio me tenha mandado um mail ou um sinal de fumo a confirmar o facto, a verdade é que em Portugal me sinto um Índio. Não é um sentimento confortável, ou de que eu me orgulhe especialmente, este de ser uma micro-minoria. Como é que no meio de uma maioria inverosímil de provincianos pequeno-burgueses, fundamentalistas do desenvolvimento, deslumbrados por automóveis, televisão e grandes centros comerciais me posso alguma vez sentir bem com eles ou eles se podem sentir bem comigo, que gosto de andar a pé pela terra, de sentir o olhar tocar nas árvores (cada vez menos) e nos bichos (tão poucos).
Depois devo dizer que não tenho a coragem dos Robin Hood, nem dos existencialistas. Estar só, como estou, contra a multidão de facto ignara requer uma imensa coragem e eu não disponho senão de uma pequena mescla de coragem e de medo (pânico).
Por isso ando a fomentar as armas de sobrevivência massiva do pensamento. E agora já sei quem são os extra-terrestres: são todos os que não andam a pé pelos caminhos sem caminho da terra. O assustador é que este país está cheio deles, ou então de estratosféricos, além, de imortais secundários e de inúmeros conselheiros que sobraram do século XIX. além de uma onda sem precedentes de grunhos que enchem estádios.
Gostava de ter os dons do ilusionista Houdini, ou seja, saber desaparecer no meio da multidão de queixadas lineares, de rostos magnetizados por cartões bancários que se dirigem com imensa hostilidade involuntária para os seus postos de trabalho. (Devia haver postos de preguiça. Trabalhar mais para quê? Para quem? para um destino de esquizovia? ). Mas não tenho. Ainda tentei tirar um curso para ser invisível, mas a empresa Reiter&Reiter faliu e não mandou mais nada para além do terceiro videodisco. Fiquei só a saber os preliminares. Alma réproba que sou aqui vai o primeiro princípio da Arte de Ser Invisível: A pessoa deve mover-se fazendo o mínimo de movimentos possível.
Já roubei uma bela sandocha de presunto com este princípio sem ser visto. mas desconfio que não foi por me ter tornado invisível, apenas por ter ficado mais ardiloso e atento, como compete a uma espécie perseguida.
Depois devo dizer que não tenho a coragem dos Robin Hood, nem dos existencialistas. Estar só, como estou, contra a multidão de facto ignara requer uma imensa coragem e eu não disponho senão de uma pequena mescla de coragem e de medo (pânico).
Por isso ando a fomentar as armas de sobrevivência massiva do pensamento. E agora já sei quem são os extra-terrestres: são todos os que não andam a pé pelos caminhos sem caminho da terra. O assustador é que este país está cheio deles, ou então de estratosféricos, além, de imortais secundários e de inúmeros conselheiros que sobraram do século XIX. além de uma onda sem precedentes de grunhos que enchem estádios.
Gostava de ter os dons do ilusionista Houdini, ou seja, saber desaparecer no meio da multidão de queixadas lineares, de rostos magnetizados por cartões bancários que se dirigem com imensa hostilidade involuntária para os seus postos de trabalho. (Devia haver postos de preguiça. Trabalhar mais para quê? Para quem? para um destino de esquizovia? ). Mas não tenho. Ainda tentei tirar um curso para ser invisível, mas a empresa Reiter&Reiter faliu e não mandou mais nada para além do terceiro videodisco. Fiquei só a saber os preliminares. Alma réproba que sou aqui vai o primeiro princípio da Arte de Ser Invisível: A pessoa deve mover-se fazendo o mínimo de movimentos possível.
Já roubei uma bela sandocha de presunto com este princípio sem ser visto. mas desconfio que não foi por me ter tornado invisível, apenas por ter ficado mais ardiloso e atento, como compete a uma espécie perseguida.
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