/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: CADÁVERES EMERITÍSSIMOS

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2007-09-17

CADÁVERES EMERITÍSSIMOS


Eu vivo no campo porque vejo melhor a cidade à distância. Miguel Drummond de Castro.


Mais um esqueleto nada esquisito, desta feita o de Aquilino, a 19 de Setembro, com honras de Estado, vai-se juntar a Emeretíssimos Esqueletos como o do Visconde (Almeida Garrett), de João de Deus (poeta menor) e outros. O ossuário que entusiasma a Ideia do Estado chama-se Panteão, e localiza-se na periférica cidade de Lisboa. Chama-se Panteão numa clara alusão ao lugar mental onde os gregos reuniam os seus deuses favoritos, (seria interessante falar dos deuses excluídos, ou considerados por razões de Estado, simplesmente titãs) e onde a República reune as suas ossadas de estimação.
Não tendo o Estado laico republicano outros deuses possíveis senão os escritores e artistas (e um que outro politichien), ali, naquele edifício herdado da monarquia, lhes reune no que é no fundo um custoso banco de dados de mármore, as ossadas. Este culto às relíquias é obviamente necrófilo. Tem um paralelo possível com a paranóia recolectora de relíquias de ossos de santos do catolicismo sustentado durante séculos pela, embora em declínio acentuado, ainda religião dominante da nossa patriazinha. E é igualmente irrelevante, por mais que o Estado acentue o "sacrum" do acto. Ao que parece o Estado tem três elementos sagrados maiores, a bandeira, o hino e o Panteão.

Mas o interessante é apurar que agora o Estado se legitima, e no fundo num curiosa projecção narcísica, se sacraliza, através dos seus escritores. Como se quisesse absorver para si a literatura, ser o Coveiro Execelentíssimo, paramentado, o Sumo Sacerdote que incensa as ossadas.
Desta vez, a música escolhida será de Freitas Branco (descendente de um sombreireiro madeirense e de um traficante de escravos). Com grande pompa a Orquestra Sinfónica dedicará os medíocres arpejos de Freitas Branco a um homem que foi como tudo o indica um dos implicados no assassínio do penúltimo Rei de Portugal, D.Carlos I.
Com este gesto o Estado republicano laico actual sem dúvida integra no Panteão nacional um dos primeiros terroristas lusos do século XX. E é mais do que controverso que tenha sido como se diz com uma convicção que soa a forçado "o maior escritor do século XX."