O SÍSIFO DA ECONOMIA
ESTA é a moeda de 1 cêntimo, muitas delas juntas chamam-se "cascalho". É uma desprezada. Apesar de lhe terem dado um bronzeado de quem saiu de um solário no Algarve, não faz mal não receber uma ou não dar uma. Ah! não faz mal... Esta moeda a palavra que mais ouve sempre que é preciso dá-la ou recebê-la e não a há que chegue, é mesmo essa "Ah! não faz mal". Por isso é candidata a Moeda Tanto Faz
posto que, como diria Dona Bismarck Anacleto, a referência dos economistas nacionais (doravante a Antónia Vitorina do Sísifo), se não faz mal que não se dê e se não faz mal que não se receba é porque tanto faz tê-la como não tê-la!
Vergados pelo poderoso raciocínio, digno da terceira bancada do parlamento, passaremos portanto (esta palavra portanto deve ter uma maquineta lá dentro que explica tudo) a considerá-la a Moeda Tanto Faz Topo de Gama.
Vejamos a estética e o simbolismo da dita (já que o dinheiro além de não ter cheiro também não tem ética, embora seja ele a escrever os novos 1o Mandamentos, que nesta altura do campeonato devem ser praí uns Dez Mil Mandamentos).
A pequena, mas grande! moeda na face verso está rodeada por um círculo de estrelas descaradamente roubadas à bandeira dos EUA. Estas pindéricas estrelas de cinco pontas, não de seis, nem de sete nem de n estrelas, são supostas representar - o significante é denso e despótico - cada país.
Mais uma vez Dona Bismark Anacleto (A Antónia Vitorino do Sísifo), eminentíssimo economista esclarece que cada país foi considerado uma estrela, e cada um deles portanto (cá está o portanto com uma maquineta que fala muito lá dentro) é igual aos outros.
Enfim, temos o círculo exterior de estrelas ( mais propriamente dito o círculo estrelino da bordadura) e Dona Bismarck Anacleto, o landmark dos economistas nacionais (A Antónia Vitorino do Sísifo, não será demias dizê-lo), la crème de la crème da mui digna classe que tanto tem feito em prol da asfaltização do país e arredores (nunca esquecer o prometido mini aeroporto das Berlengas, uma coisa simpática e agaivotada, com mini solário) contou-as! E este número - após aturada ponderação e estudos pagos a 10 mil euros hora - é o número que foi calculado depois de madura reflexão e cálculo assistida pelo Laboratório de Engenharia Civil, o LINETI, e os HUEC e o C.A.S.C.O. - é o número que há tanto aguardávamos e que a Serenela de Andrade do Sísifo, madame Mouse, vai agora anunciar:
São 12 Estrelas 12 ! Doze!
Mais uma vez Dona Bismarck Anacleto (glória da economia lusa, sucessora da mulher-homem, uma gorda (depilava na Baixa), que a ironia das musas nominais chamou de Maria de Lurdes - em comovedora memória à anciã de Lourdes, uma senhora toda de branco que cura com homeopatia e sugestão magnética, em Lourdes, terra de promiossores aeroportos - de apelido Pintassilgo, (porque nada mais popular que um dirigente com nome de passarinho) explica-nos desvanecida o simbolismo do 12:
12 são os apóstolos (os famosos maridos das epístolas)
12 são os meses do ano (o ano Papal, não sei como os ingleses os mais famosos antipapistas andam há que anos a seguir o calendário Papal, acrescenta num sibilo férvido de ibndignação contida Dona Bismarck)
12 é 6 sentidos x 2 (cabalística e novel explicação perante a qual inclinamos o bestunto até ao chão sagrado que Dona Anacleto Bismarck pisa)
Mas a coisa não pára por aqui. É o páras! e tem para aí mais 12 mil explicações sobre o 12 (os 12 signos do zodíaco, os 12 de Inglaterra, os 12 da Alemanha - cada país empencou de um modo ou outro num mito virtuoso sobre o 12 e por isso remetemos o nosso mui indigno leitor para a numerologia, a cabala ocidental e oriental, e a página 12 do jornal.
Enfim são 12 estrelas 12. E - significado emérito - funcionam como fronteira do círculo interior.
Este C.I. contem Portugal esotérico e peras! lá dentro. Como Porkêra o nosso colaborador, um caso raro de ascenção social contínua, e um leitor apurado das "narrativas simbólicas" ainda não chegou ao país, onde o aguardaria no aeroporto uma coorte de maroradas indignadas, interpetemos com a prata da casa.
Com efeito, que simbolismo catita, no interior! Ena! toda a essência cabalística da lusitanidade no círculo interior como diria o António Telmo, o homem que explica o Portugal Templário e outros mistérios momentosos que já existiam antes da décima segunda edição do código Da Vinci. Veja-se.
Na bordadura do semicírculo interior, portanto (grande palavra cheia de maquinetas lá dentro que o Sísifo roubou ao Jerónimo de Sousa, um verdadeiro homem máquina, cujos iluminados portantos tanto tem, portanto, feito avançar a ciência lusa) encontram-se 7 Castelos 7 que conforme apurou Dona Bismarck Anacleto são os constantes das armas de Castela.
ora veja-se o brasão de armas de Castela ao alto.
Chegada a este ponto do seu estudo, Dona Bismarck Anacleto começou toda a tremer de alegria e telefonou para o neto secreto de Miguel de Vasconcelos, o defenestrado, um tal José Vaconcelos Saramago que mora numa das ilhas da Madeira dos Espanhóis, tipo bares por todo o lado, europeus ricaços de classe média também por todo o lado, e um sem número de chalets com "green" e "swimming -pool" à esquerda e ao fundo. Eis o que ela gritou cheia de emoção ao telefone:
Saras! (a intimidade permite-lhe tratar assim a veneranda figura, a qual, malgrado andar de cadeira de rodas sente que há um destino ibérico imenso que nos aguarda),
Saras! Ganhámos!
Do outro lado da linha chegou uma tossezinha simpática de avô ossudo que disse comum doce pigarro: Ganhámos o quê Bismarkinha?
Ganhámos a batalha ibérica, em prol de uma Só Ibéria Imensa e Unida!
Como assim, como assim, Bismarkinha?
Então, Dona Bismark Anacleto, a Antónia Vitorina do Sísifo, respondeu triunfante:
- já lá está e não é só na puta da chapinha junior, está em todas no Verso das Moedas de euro de Portugal!
Saramago demorou uns momentos a refazer-se. Depois, num pigarrinho contínuo com um simpatico fungado à anúncio de comprimidos para a tosse da PT Comunicações SA disse:
És genial Bismarkinha. De facto ganhámos a batalha da economia. Portugal já tem as insígnias de Castela na moeda. Caraças, minha! Que dia glorioso.
1 Comments:
Caríssimo Sísifo, o Drummond, se houve coisa engraçada e acertada que já ouvi foi justamente a interpretação deste posicionamento estratégico entre estrelas e castelos (ou castelas) e quinas: notem bem, e não é que parece mesmo, que cada castelo está armado contra cada estrela, mesmo a defender Portugal dessa Europa, coisa nojenta, que por todos os lados nos quer à viva força tornar ibéricos e europeus ao mesmo tempo. É uma posição defensiva, e a própria cruz ao centro parece uma espada prontinha para esquartejar essas estrelas americanas do capitalismo cego e desenfreado. A cor é rubra, como convém, porque todo este aparato se trata de uma guerra a ser travada a ferro e fogo. E até as letras marginais parecem auxiliar na tarefa. No centro, Portugal, resplandece na sua lusa e firme determinação, a de levar a luz a todas as cidades, e a de nunca deixar morrer a chama da individualidade. É por isso que gosto tanto de Portugal, não por aquilo que hoje é, mas por aquilo que representa.
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