/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: DESMODERNIZAR-SE 1

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

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2007-01-17

DESMODERNIZAR-SE 1

A desmodernização em curso, no meu caso é psicológica e estética em primeiro lugar. Tem a ver com não utilizar sacos de plástico, ou o menos possível. Com não ir a festivais roqueiros porque entre outras coisas a cerveja consumível (palavra horrível!) surge nuns pequenos copos de plástico. Em não beber água das novas fontes onde surge mais um copinho de plástico. E em ir o menos possível ao restaurante de comida rápida onde se leva para casa um chop-suei numa bandeja de plástico.
Porque se é certo que estamos a deitar sempre fora o plástico não é menos verdade que o plástico também está sempre a deitar-nos fora.

Naturalmente, a religião portuguesa contemporânea é a da "modernização." No canto felizmente perdido do ainda felizmente deserto alentejano onde vivo, na vila mais proxima do meu castelo-ermitério, os Correios modernizaram-se. Trocaram uma série de belas cabinas telefónicas, de madeira, dos anos quarenta, em que se podia telefonar na mais pacífica privacidade por três etéreas cabines modernas onde toda a gente ouve o vizinho do lado. A porta também dos anos quarenta, em ferro forjado, desapareceu e em troca temos uma banal porta de vidro por onde do lado de fora se vê imediatamente o que se passa lá dentro. (solução de continuidade e participavidade - deixou de haver um certo herrmetismo, uma certa reserva, uma contenção, um tempo de pausa - invasividade da vida moderna, hiperacessibilidade das coisas e dos espaços, falta de pudor e de Eros dos espaços que estão sempre disponíveis, acessíveis para a bulimia de acção. )

A mente modernista tem muitos dos tiques de um dos seus instrumentos de eleição: o bulldozer. Arrasa espectacularmente, de modo radical, sem deixar vestígios, sem deixar memória dos lugares, o desenvolvimento prevalente, de tipo radical, igualitarista e pequeno-burguês, destrói o "envolvimento". Perde-se esse aspecto de labirinto, que faz com que custe um pouco chegar às coisas, e dá-se destaque à hiperacessibilidade o que favorece a linha recta - que triunfou na arquitectura mais falsamente despojada do (arrancador de árvores) o Siza, por exemplo.


Entretanto o automóvel, para quem todos se inclinam - acessibilidades, acessibilidades! - é o déspota moderno. Há milhões de ditadores modernistas em todo o planeta - os automóveis.

Lembro uma imagem que apareceu no velho e feroz Charlie-Hebdo - os automóveis virados de pernas para o ar, cheios de terra e em cima as cannabis ou eram as rosas? ao vento do búlevar