A FORMIGA CONTRA A BORBOLETA
Para estudar a sociedade moderna comecei a observar as termitas.
O que me levou a isso foram as filas de trânsito, o modo das pessoas andarem na rua, um conto de Jean-Paul Sartre (esteve no Index até 1966) e outro de Kafka.
Uma conclusão ressalta - depois de observar as termitas e outras formigas - são espécies altamente sociais. De tal modo sociais que nelas o indivíduo não existe absolutamente. Apenas o Colectivo.
Cheguei à conclusão que as sociedades humanas modernas são uma termiteira + diversos fenómenos de compensação que ajudam a suportar tão deprimente realidade.
A diferença entre a sociedade termita propriamente dita e a sociedade termita humana, é a possibilidade que esta última tem de se deslocalizar e relocalizar com mais celeridade. Mas ambas formam colónias à distância.
O mundo colonial é assim hoje mais forte do que nunca, ainda que tenha mudado a sua expressão, o seu estilo de manifestação.
As termitas tem um leque de caminhos fixos, e os humanos mais fortemente inseridos no chamado mundo laboral (um mundo de controlos e de aperfeiçoamento de controles mais do que mundo do fazer, um mundo do fazer de controles) tem um leque de rotinas, apenas um pouco mais vasto.
(A vida no interior dos seminários, nas ordens monásticas e no exército, altamente disciplinada e toda ela pontuada por rotinas, e filas, e bichas e formações apresenta-se como uma ballet de termitas mais sofisiticado, mas não menos termita. No universo dos partidos totalitários, como o comunista, e nos de inspiração comunista como o socialista, bem como no universo das seitas religioso as coisas também são parecidas com as da vida na termiteira. O valor soberano da comunidade, do social, o apagamento do indivíduo, do original)
Um fenómeno de compensação é a moda. A moda é quadri-sazonal, cíclica. Num primeiro passo altera os padrões vestimentários até aí vigentes e cria o novo look, que se pretende original, logo individual. Num segundo passo, massifica-o, e torna a originalidade colectiva, abrangente.
O mundo digital fundado na robótica e com a sua insistência na disseminação da robótica (que não é mais do que uma cópia, uma mimesis de alguns movimentos do raciocínio e do movimento humanos) é o paraíso do espírito termita na terra.
Os automóveis e os jornais, por exemplo, são concebidos a partir de programas de computadores. No extremo, os jornais estão cada vez mais parecidos com automóveis e estes com jornais.
Numa ontologia do digital, que já está em estado emergente, dado que se procura a emancipação do digital, estando já os dictums do digital a governar sectores da sociedade - o ser-em-si do automóvel e do jornal são um só.
Tal como as termitas e as células cancerosas a necessidade de se replicarem leva as sociedades termitas humanas e não humanas à repetição permanente. A chamada Globalização em curso é na realidade uma Termitação Global.
Desenho original de Franz Kafka, para o Processo.
Obrigado Franz por teres existido.
Uma conclusão ressalta - depois de observar as termitas e outras formigas - são espécies altamente sociais. De tal modo sociais que nelas o indivíduo não existe absolutamente. Apenas o Colectivo.
Cheguei à conclusão que as sociedades humanas modernas são uma termiteira + diversos fenómenos de compensação que ajudam a suportar tão deprimente realidade.
A diferença entre a sociedade termita propriamente dita e a sociedade termita humana, é a possibilidade que esta última tem de se deslocalizar e relocalizar com mais celeridade. Mas ambas formam colónias à distância.
O mundo colonial é assim hoje mais forte do que nunca, ainda que tenha mudado a sua expressão, o seu estilo de manifestação.
As termitas tem um leque de caminhos fixos, e os humanos mais fortemente inseridos no chamado mundo laboral (um mundo de controlos e de aperfeiçoamento de controles mais do que mundo do fazer, um mundo do fazer de controles) tem um leque de rotinas, apenas um pouco mais vasto.
(A vida no interior dos seminários, nas ordens monásticas e no exército, altamente disciplinada e toda ela pontuada por rotinas, e filas, e bichas e formações apresenta-se como uma ballet de termitas mais sofisiticado, mas não menos termita. No universo dos partidos totalitários, como o comunista, e nos de inspiração comunista como o socialista, bem como no universo das seitas religioso as coisas também são parecidas com as da vida na termiteira. O valor soberano da comunidade, do social, o apagamento do indivíduo, do original)
Um fenómeno de compensação é a moda. A moda é quadri-sazonal, cíclica. Num primeiro passo altera os padrões vestimentários até aí vigentes e cria o novo look, que se pretende original, logo individual. Num segundo passo, massifica-o, e torna a originalidade colectiva, abrangente.
O mundo digital fundado na robótica e com a sua insistência na disseminação da robótica (que não é mais do que uma cópia, uma mimesis de alguns movimentos do raciocínio e do movimento humanos) é o paraíso do espírito termita na terra.
Os automóveis e os jornais, por exemplo, são concebidos a partir de programas de computadores. No extremo, os jornais estão cada vez mais parecidos com automóveis e estes com jornais.
Numa ontologia do digital, que já está em estado emergente, dado que se procura a emancipação do digital, estando já os dictums do digital a governar sectores da sociedade - o ser-em-si do automóvel e do jornal são um só.
Tal como as termitas e as células cancerosas a necessidade de se replicarem leva as sociedades termitas humanas e não humanas à repetição permanente. A chamada Globalização em curso é na realidade uma Termitação Global.
Desenho original de Franz Kafka, para o Processo.
Obrigado Franz por teres existido.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home