/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: O TAO DO BOM PORTUGUÊS

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2007-02-07

O TAO DO BOM PORTUGUÊS




Os bons portugueses quando morrem vão para os Lusíadas.

O amor à pátria tem dado péssimos livros e óptimos cínicos.

O hino nacional português é um convite ao suicídio ou à tolice.

O Fado é uma canção de miseráveis que passou para os salões.

A maior parte dos patriotas são outros patriotas. O patriotismo é a coisa mais imitável e epidémica do mundo.

Sempre que alguém declara emocionado o seu orgulho por Portugal, nasce-lhe irremediável uma corcunda mental.

Os homens que choram pelos males do mundo, em casa batem nos filhos.

Um homem que gosta de touros e diz gostar de mulheres tem certamente um gosto a mais.

A caça é o refúgio dos tontos que vêem bem ao longe.

Um homem que gosta de conduzir um automóvel devia ser chófer de praça.

Praguejar mal, nunca prejudicou nenhum inimigo.

A maior parte dos portugueses diz muitos palavrões mas não sabe insultar.

Um bom insulto corta mais que um túmulo.

Desde a interdição do duelo, a arte do insulto decaiu.

Há homens que em vida já se encerraram num túmulo, donde proferem discursos que ninguém ouve.

Se se fizesse uma antologia dos discursos políticos de todo o mundo nos últimos cem anos, talvez nem meia página passasse à imortalidade.

O Duplo Futebolista. Há um segredo no futebol. Todos os jogadores ao ser entrevistados usam o Duplo Futebolista. Esse Poltergeist diz invariavelmente o mesmo.

Geografia da mente colectiva lusa: entre o irremediável e o impossível.

Se as coisas fossem como os jornais as dizem, não só vivíamos entre a espada e a parede, como gostávamos disso.

Tudo o que até agora se disse, pró e contra, sobre o aborto, foi um autêntico aborto.

O aborto é um estado de espírito.

As leis foram todas feitas para os escravos. Os homens livres são a sua própria lei.

Há de haver sempre um louco que diz que quer salvar a Pátria, antes de se atirar ao indefenível ou ao infinito.

O pior que pode acontecer a uma Utopia é ela funcionar.

O ideal democrático deseja que toda a gente seja igual, o aristocrático que toda a gente seja diferente. No primeiro ideal triunfam os jornais, que dizem como pensam que as coisas são, no segundo a literatura que diz o que ainda não aconteceu e como as coisas nunca foram.