O PÓLEN EXPLODE
EIS a primavera , decapita
todas as revistas de moda, traz-nos
hastes excessivas - explode, corta, mata
e nós, os nascidos no vento cruel de Abril,
vocalizados em negro,
acordamos
com o canto do cuco,
que o vento polissémico
espalha nas sete cascas
aurais do cérebro
entretanto, o uivo químico dos pavões
reduz os postes eléctricos a sinais de contrabando
e um rumor de asas
impele-nos o sangue
e a ponta das ervas sustenta
os céus de cada coração turvo
por um nada verde já nem grego nem latino
o grilo na sua folha matemática
rói ruidosamente um nulo número verde
na pluma
e os nossos cabelos onde crescem os cornos da plenitude
e da certeza invisivel do ser
tocam no sol minúsculo
dos nenúfares narcísicos
e lá vamos mudando as lamas
até à sublime e doce confusão de pétalas e almas
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