A ANARQUIA DOS SENTIDOS
Enquanto a televisão é uma coisa para crianças: move-se depressa, fala pouco e mal, quase não pensa e tem um flash incontinente de cores, a rádio é obviamente para senis sentados ao volante, donas de casa descompensadas, velhos emprateleirados em diversos asilos. Quando penso na rádio penso nos guardas da fronteira da Moldávia, ao entardecer, presos num bunker e quando penso na televisão penso em todos os bonecos de plástico colorido do mundo a andar à roda, num Carrossel Mole. Nada que não pudesse encontrar-se como cimento do fundo mais perturbante de alguns dos contos de Andersen, que nunca foram para crianças.
Os jornais, com as suas colunas rígidas, em formação fixa, o tom predatório ou missionário dos editoriais e, no fundo, o seu tom telegráfico de "relatório", são do menos literário que há, e foram sem dúvida feitos para coronéis imobilizados em bleu fixe.
Por isso, de todos os media, só o cinema se dirige a adultos com alguma capacidade de recriar a vida, ainda sem barrigas paralizantes e preguiças dogmáticas de morsa.
Os jornais, com as suas colunas rígidas, em formação fixa, o tom predatório ou missionário dos editoriais e, no fundo, o seu tom telegráfico de "relatório", são do menos literário que há, e foram sem dúvida feitos para coronéis imobilizados em bleu fixe.
Por isso, de todos os media, só o cinema se dirige a adultos com alguma capacidade de recriar a vida, ainda sem barrigas paralizantes e preguiças dogmáticas de morsa.
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