/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: POST NÁUTICO-NAVAL E FREUDIANO-MARÍTIMO

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2007-10-07

POST NÁUTICO-NAVAL E FREUDIANO-MARÍTIMO



There was a Young Lady of Portugal,
Whose ideas were excessively nautical:
She climbed up a tree,
To examine the sea,
But declared she would never leave Portugal.


Lear nunca esteve em Portugal mas captou admiravelmente o lunatismo nacional e a hereditária e epidémica mania de cuscar que lhe é anexa. Assim pôs a Young Lady from Portugal, com um apêndice nasal incrível em plena prática da maior arte nacional, a Arte da Espreita. Porquê se espreita tanto em Portugal ? - umas das razões mais óbvias é que em primeiro lugar se espreita para poder imitar, só depois se espreita porque não há coragem do olhar de frente. Só podemos ver dissimuladamante, de forma lateral e escondida, senão esconsa e esdrúxula - aspecto psicológico que denota falta de assertividade. Embora sabote o falar directo, se é que existe, talvez seja excelente para uma fala oblíqua e mais alusiva, e mais apoiada na imaginação do que no visto.
Lear, com magistral intuição e imaginação, igualmente captou o paroquialismo de quem nunca quer deixar o seu poleiro. Com efeito, numa postura de aderência típica sobretudo das classes em ascenção social a
Young Lady of Portugal nunca mais quer sair do seu posto de observação.

Curiosamente, esta Young Lady of Portugal, que está no topo de um árvore à espreita, forma um contraponto inesperado e significativo com o gageiro da Nau Catrineta. Este gageiro adolescente obedece às ordens do capitão que lhe ordena "Acima, acima gageiro! Vê se vês terras de Espanha, areias de Portugal". Ambos estão no topo, um de um mastro, a outra de uma árvore.
Neste blog colocámos pela primeira vez na História da Literatura frente a frente o gageiro da Nau Catrineta com a Young Lady of Portugal. Há encontros que só mesmo no espaço do mito - mas fazem faísca, e desencadeiam depois a famosa angst literária, a angústia da interpretação. Ingrediente necessário para revolver as águas. Quantas partes de um escritor não se identificarão com o Ver Oblíquo da Young Lady, com o Ver Angustiado do gageiro. Flaubert que disse Madame Bovary c'est moi (e não se lhe conhece o mínimo penchant gay) se tivesse a felicidade (hmmmm...) de ser um escritor luso bem podia afirmar I am The Young Lady of Portugal, who Climbed up a tree.

Quanto ao resto, examinar, de uma forma excessivamente naútica, o mar, faz bastante falta. Nos últimos tempos só o temos visto de uma forma excessivamente praística. Tempo de alterar as praxis marítimas, parece-me. De subir absurdamente a um blog, por exemplo e tomar-se sempre por Outro, com o telescópio virado para o centro mais improvável de nós mesmos.