CARTAS AO PROFESSOR FROGG
Dear professor Frog
estamos com uma falta de graça absoluta porque temos agora o humorismo compulsivo: saltitantes locutores a morrer de riso aparecem por todo o lado croyant avoir de l'esprit. Já bem bastava os gatos fed. que tal como deus contaminam tudo com a sua omnipresença.
ao mesmo tempo demos um salto talvez irreversível para um mais-provincianismo que se vê na roupa, na paisagem urbana, na destruição da paisagem, na trivialidade dos jornais
e
O meu destino era o Mar
Foto de francesca Woodman
2 Comments:
Caríssimo Drummond:
Julgo que a mim dirige, desculpe a pretensão, esta míssiva.
Tem muita razão no que diz, também não gostos dos fede que de gatos não têm nada e menos ainda a irreverência. mas veja bem, os pequenos tinham que se safar e neste País dão-se bem os que fazem de palermas. O que é que os rapazes iam fazer? Agora pelo menos dois são cronistas, entraram porque são palhaços porque se tivessem boas intenções e quisessem trabalhar a sério nos media ninguém os queria.
Mas o que é que os peqeunos iam fazer para enriquecer? Dar aulas? Investigar? preservar a cultura nacional? Melhorar o ambiente?
Isso não dá fortuna, voto para que eles se chamem só Fedorentos.
A minha rã também anda aflita, embora esteja lá fora desde ontem à noite, adorou a chuvada. Mas o País não aguenta o mau tempo, vai-se logo abaixo das canetas, tudo se avaria neste País onde os engenheiros t~em todas as saídas profissionais possíveis e empresa onde não haja um já não é empresa. Pena não pararem de ajudar a destruir as cidades e a paisagem.
Que se lixe a paisagem, que se lixe m os netos que não vão conhecer nenhuma beleza do País, que se lixem todos o que interessa é sacar o seu, é ter o automóvel topo de gama e ir curtir.
Isto é de gente com visão, ou é de pelintra?
A minha rã é mais civilizada, que diabo! Se ao menos tivessem estilo.
Um abraço do seu admirador
O cata rãs
Caro Cata- Rãs,
Num país de engenheiros e economistas tudo fica constantemente mais frágil- Como diria o Eduardo Lourenço não vivem num "país andado" . Deslocam-se de carro de vidro fumado. Há conexões enre as inundações e a falta geral de dinheiro, entre o desprezo pelo chão e a o xanax.
Os Feds. são pura revista à portuguesa - praticam o único tipo de humor que conhecemos - o imitativo, a que acrescentaram uma pequena deriva semântica. A única coisa em que concordo com eles é que se fartam de dizer que nao tem graça nenhuma. Aí são perfeitamente honestos: espero que um dia tirem as consequências e deixem de ser tão frequentes e de estar por todo o lado. Tinham a ganhar com isso.
Um ano sabático, p.ex, só lhes faria bem.
estas inundações de facto devem ter aumentado o seu charco! Por aqui também rãs e sapos andam deliciados: o coro à noite é maravilhoso. Nós nunca domaremos a natureza, mau grado a grã vontade dos engenheiros em esterilizar o mundo, racionalizá-lo, torná-lo em descendente de um laboratório.
Um abraço encharcado,
Miguel
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