CONTINUA A INQUIRIÇÃO SOBRE O AUTISMO
Portugal tem uma paixão pretoriana por estradas. Acha indiscutível que ficam bem em qualquer lado e que melhoram a imagem do Governo. E este não convence as populações da sua necessidade, impõe-nas. Mesmo que fossem desinteressantes e desenecessárias, serão necessárias antes e depois. Antes, porque são a parte estruturante da religião do Progresso Contínuo - estão no hino, estão no fervor técnico, em cada oração da modernidade - e, depois, porque é fácil viciar gentios com a doçura adquirida da velocidade.
Não eram necessárias antes, nem sequer está demonstrado que uma proliferação hiperbólica de estradas leve ao progresso, mas isso que importa? Passam a ser, porque cada província tem que ter os mesmos equipamentos da vizinha. Admite-se lá uma província diferente! Admite-se lá que não capte os ventos igualitaristas que impõe que cada província tem de ser, por força, por conjuntura, pelo modelo de geometria simplista, igual a todas as outras, sob o gravíssimo e culposo risco de viver a vegetar, fuçando penosamente na retrógarda assimetria.
A modernidade segundo a piro-voltaica cabeça dos sucessivos Mários Linos necessita via larga, cimento, um arquipélago de portagens, e aqueles rails laterais para decapitar motociclistas que derrapem. E não se cansa de a reproduzir, por todo o lado, segundo o mesmo modelo saído de cabeçóides gestores que tem outra palavrinha a apagar e a acender continuamente dentro da espilrrafada meninge: racionalizar.
Porém, as paixões pretorianas não são só do coração, são paixões pensadas, com uma subjacente (sub) filosofia de sentido único - acabar com as assimetrias.
Ao Terreiro do Paço dói como uma chaga negra e fedorenta a assimetria. O atraso do país naqueles pensadores simplistas e geométricos não é mais do que esse cancro arcaico que urge erradicar: a pérfida assimetria, que precisa de electro-choque, de camisa-de-forças, de correcção. Há que corrigir as assimetrias! é o mantra quotidano que fervorosos autarcas repetem de longe, mexendo com vigor as suas cabeças já em sintonia e simétricas às ânsias modernistas da democracia in progress, que saem em baforadas periódicas das arcadas do Terreiro do Paço.
No entanto, ao imaginar o interior ordenado em planos simétricos, e ao visualizar as casinhas dos governantes, com sofás de couro negro estilex, simétricos, e ao fundo simétricos vidros duplos expulsando qualquer assimétrico acidente exterior, ao contemplar o exército deprressivo das janelas do prédios das modernidades, todas simétricas eu penso que o fumo que sai dessas cabecinhas é mais tóxico que o monóxido de carbono. Moi, aux pathétiques machines de votre civilization, je préfère les coquelicots.
Nota de Lord Drummond: A Irlanda, cuja área não é muito inferior à de Portugal, e que é um país que soube usar os dinheiros comunitários com imenso acerto, tem apenas uns 60 km de auto-estrada. Fizeram a manutenção das estradas antigas. Vivem muito melhor do que nós. Não quiseram modificar tudo, souberam valorizar tudo o que tinham, em vez de se deslumbrarem com a construção da neo Califórnia B.
Não eram necessárias antes, nem sequer está demonstrado que uma proliferação hiperbólica de estradas leve ao progresso, mas isso que importa? Passam a ser, porque cada província tem que ter os mesmos equipamentos da vizinha. Admite-se lá uma província diferente! Admite-se lá que não capte os ventos igualitaristas que impõe que cada província tem de ser, por força, por conjuntura, pelo modelo de geometria simplista, igual a todas as outras, sob o gravíssimo e culposo risco de viver a vegetar, fuçando penosamente na retrógarda assimetria.
A modernidade segundo a piro-voltaica cabeça dos sucessivos Mários Linos necessita via larga, cimento, um arquipélago de portagens, e aqueles rails laterais para decapitar motociclistas que derrapem. E não se cansa de a reproduzir, por todo o lado, segundo o mesmo modelo saído de cabeçóides gestores que tem outra palavrinha a apagar e a acender continuamente dentro da espilrrafada meninge: racionalizar.
Porém, as paixões pretorianas não são só do coração, são paixões pensadas, com uma subjacente (sub) filosofia de sentido único - acabar com as assimetrias.
Ao Terreiro do Paço dói como uma chaga negra e fedorenta a assimetria. O atraso do país naqueles pensadores simplistas e geométricos não é mais do que esse cancro arcaico que urge erradicar: a pérfida assimetria, que precisa de electro-choque, de camisa-de-forças, de correcção. Há que corrigir as assimetrias! é o mantra quotidano que fervorosos autarcas repetem de longe, mexendo com vigor as suas cabeças já em sintonia e simétricas às ânsias modernistas da democracia in progress, que saem em baforadas periódicas das arcadas do Terreiro do Paço.
No entanto, ao imaginar o interior ordenado em planos simétricos, e ao visualizar as casinhas dos governantes, com sofás de couro negro estilex, simétricos, e ao fundo simétricos vidros duplos expulsando qualquer assimétrico acidente exterior, ao contemplar o exército deprressivo das janelas do prédios das modernidades, todas simétricas eu penso que o fumo que sai dessas cabecinhas é mais tóxico que o monóxido de carbono. Moi, aux pathétiques machines de votre civilization, je préfère les coquelicots.
Nota de Lord Drummond: A Irlanda, cuja área não é muito inferior à de Portugal, e que é um país que soube usar os dinheiros comunitários com imenso acerto, tem apenas uns 60 km de auto-estrada. Fizeram a manutenção das estradas antigas. Vivem muito melhor do que nós. Não quiseram modificar tudo, souberam valorizar tudo o que tinham, em vez de se deslumbrarem com a construção da neo Califórnia B.
2 Comments:
A Seita da Assimetria!
Pois, a única seita não sectária, e quem não qeur aumentar em número. Já tem um quorum decentíssimo. Além do mais é fracamente elitista.
Apareça, semore.
MDC
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