ASSOCIAÇÕES DE DUENDES
Tenho um duende no olival, com os beiços mordidos pelas borboletas. Boceja moscas verdes, como as mulheres antigas, de mão na anca. Às vezes salta para o beiral do poço, e de lá de cima beija a água do fundo.
Tem as olheiras manchadas por mãos de moças, que foram lá buscar força para as tetas. Nunca quis ser um rico caramelo, e por isso quando chega a geada abre as goelas para a sorver. Sempre que vê mulheres tolas que vem roubar a laranja mais longe, espuma um bafo verde. E elas voltam para casa com um nariz comprido que gela os maridos e faz rir os velhos, que sabem da história.
O meu duende também salta para o meu telhado, e pateia para que eu não crie sereias atrás das orelhas. Para que eu não me enfrasque com livros dos Grandes Pensadores.
Ele acha que tem grandes deveres de azeitona.
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