CÉU. E. TERRA
Pintura de Anselm Kiefer.
Antigamente, no longínquo e decadente século XX, quando Heaven e Hell tinham existência autónoma, e eram absolutamente estanques um do outro, não havia dúvidas, ia-se para um ou para outro sem haver a menor dúvida, sem delete possível, sem regresso.
Mas nos funestos anos 80 surgiu o Hino Globalista.
Pouco a pouco o Imagine, de John Lennon onde aparece a linha Imagine there is no Heaven tornou-se um mantra, um Pai-Nosso softcore do credo aguado, sincrético, desculpabilizante, laxo, igualitário, xanaxado, desdramatizado, pasteurizado e liofilizado da bruderhud dos nossos dias.
Tanto se traulita à esquerda como à direita (Passa na Rádio Renascença!) como ao centro (essa coisa pêndula - o centro - que penduricalha segundo a inclinação do momento e a deslocação de cima para baixo, ou lateral, da massa ideológica das outras duas contra- partes da engenhoca).
O Imagine relativizou tudo, com a doçura liberal do gerir-racionalizar-reduzir-modernizar . Deve ter sido mesmo escrito por um liberal, ávido pela conquista de mais terrenos para o mercado. Depois do Imagine o mercado abriu em duas frentes novas, dois centros comerciais apetitosos: o ex-Hell e o ex-Heaven.
NOTA de rodajoelho : não é só o cristianismo que tem Heaven and Hell, o hinduísmo, o islamismo e o budismo também. As descrições do Hell budista, que não é eterno, dão conta de uma variedade de estadias animadora. Enquanto nos Infernos cristãos tudo é um mar de chamas imparáveis parecido a Portugal no Verão, no budismo há Infernos de todos os tipos e para todos os gostos, não só com chamas, fumos, vulcões em explosão, mas com Gelo, Chuvas frias, Saraivadas com bolas de granizo do tamanho de cabeças de Yak... (regiões eternamente húmidas e pior ainda com Gelo Húmido e Outros Mimos como Árvores que Disparam Rodas de Navalhas, Arbustos com Bocas de Serpe Que Mordem Mesmo E Dói Comúkamandro, etc.etc. Não se brinca nos Himalaias).
Enfim, antes da demolição dos céus e infernos introduzida pela visão decididamente escoteira de John Lennon, quanto mais não seja, havia montes de pathos. Hieronimous Bosch tinha espaço bem como Dante tinha fôlego. (De notar que ambos puseram Papas no Inferno).
Imagine-se uma cena antiga, que aconteceu na era paleolítica dos nossos avôs:
O moribundo, na cama, já com exalações letais, rodeado pela família chorosa, apertando a mão descarnada a todos os familares, amigos, contemplando com horror e súplica o crucifixo ou a estátua de Shiva Nathraja - nem na hora final acabam as ambivalências - não tendo a certeza se se vai dissolver em finíssimas partículas nirvânicas, se vai parar a um purgatório de lavagem, para desencardir películas renitentes de pequenos vícios ou se,
Diria : Padre...bloguei demais. Ou então com compunção lítrica ou lírica devastadora- Já Bocage não sou, gente ímpia que creste em mim. etc... rasga meus versos e crê na eternidade !(mas que te deu na telha para escrever aquele arrependente soneto, Oh Manuel Maria Barbosa Du ? ) -
ou se - fatalidade negra-negra, que já lhe gelava a cara, prépondo, fazendo o download da máscara mortuária final, misto de sorriso e de esgar - iria parar aos quintos do inferno, para aí ser picado. lanceado. talhado. decapitado. perfurado. cozido e grelhado por macambúzia ou feroz cambada canalha e pesporrenta de maltrapilhos cheios da zumbidora e imparável energia do Mal. Enfim, no derradeiro filme, no último teatro, havia mesmo Suspense até ao fim.
Mas o Imagine do Lennon deu cabo, disso. Não se vai para lado nenhum! Finis patriae et Ego! Agora toma lá tranquilizante. Come a sopa morna, e de pacote. Chora a lagrimita da benzodiazepina. Enfrasca-te no pronto-já-passou-pronto-a-vestir.
Entretanto, o No Hell da cançonetazita, corolário inescapável do No Heaven também tem muito que se lhe diga.
Uma vez que a Grande Gadanheira corta o ritmo cardíaco pela raíz, e o cérebro pifa - de repente como uma lâmpada que se fundiu - não há save nem back up que lhe valha (por enquanto e durante e muitos gregorianos anos pela frente o cérebro e os seus conteúdos, e potenciais vai ser intransferível para qualquer suporte de memória) - põe-se a Pergunta Crucial
então vai toda a malta para o mesmo lugar?
Um lugar comum. O reducionismo igualitarista decretou que agora vivemos num grande caldo amorfo, sem metafísica. Qualquer coisa como o Lietchenstein ocupado pela China, ou a China ocupada pelo Lietchenstein,
Dada a gravidade da situação, nós Hindividualistas F'Rozes avançamos com uma
Proposta patafísica:
Imagine there is Heaven and no Heaven too But you're not allowed to get into any of them.
Antigamente, no longínquo e decadente século XX, quando Heaven e Hell tinham existência autónoma, e eram absolutamente estanques um do outro, não havia dúvidas, ia-se para um ou para outro sem haver a menor dúvida, sem delete possível, sem regresso.
Mas nos funestos anos 80 surgiu o Hino Globalista.
Pouco a pouco o Imagine, de John Lennon onde aparece a linha Imagine there is no Heaven tornou-se um mantra, um Pai-Nosso softcore do credo aguado, sincrético, desculpabilizante, laxo, igualitário, xanaxado, desdramatizado, pasteurizado e liofilizado da bruderhud dos nossos dias.
Tanto se traulita à esquerda como à direita (Passa na Rádio Renascença!) como ao centro (essa coisa pêndula - o centro - que penduricalha segundo a inclinação do momento e a deslocação de cima para baixo, ou lateral, da massa ideológica das outras duas contra- partes da engenhoca).
O Imagine relativizou tudo, com a doçura liberal do gerir-racionalizar-reduzir-modernizar . Deve ter sido mesmo escrito por um liberal, ávido pela conquista de mais terrenos para o mercado. Depois do Imagine o mercado abriu em duas frentes novas, dois centros comerciais apetitosos: o ex-Hell e o ex-Heaven.
NOTA de rodajoelho : não é só o cristianismo que tem Heaven and Hell, o hinduísmo, o islamismo e o budismo também. As descrições do Hell budista, que não é eterno, dão conta de uma variedade de estadias animadora. Enquanto nos Infernos cristãos tudo é um mar de chamas imparáveis parecido a Portugal no Verão, no budismo há Infernos de todos os tipos e para todos os gostos, não só com chamas, fumos, vulcões em explosão, mas com Gelo, Chuvas frias, Saraivadas com bolas de granizo do tamanho de cabeças de Yak... (regiões eternamente húmidas e pior ainda com Gelo Húmido e Outros Mimos como Árvores que Disparam Rodas de Navalhas, Arbustos com Bocas de Serpe Que Mordem Mesmo E Dói Comúkamandro, etc.etc. Não se brinca nos Himalaias).
Enfim, antes da demolição dos céus e infernos introduzida pela visão decididamente escoteira de John Lennon, quanto mais não seja, havia montes de pathos. Hieronimous Bosch tinha espaço bem como Dante tinha fôlego. (De notar que ambos puseram Papas no Inferno).
Imagine-se uma cena antiga, que aconteceu na era paleolítica dos nossos avôs:
O moribundo, na cama, já com exalações letais, rodeado pela família chorosa, apertando a mão descarnada a todos os familares, amigos, contemplando com horror e súplica o crucifixo ou a estátua de Shiva Nathraja - nem na hora final acabam as ambivalências - não tendo a certeza se se vai dissolver em finíssimas partículas nirvânicas, se vai parar a um purgatório de lavagem, para desencardir películas renitentes de pequenos vícios ou se,
Diria : Padre...bloguei demais. Ou então com compunção lítrica ou lírica devastadora- Já Bocage não sou, gente ímpia que creste em mim. etc... rasga meus versos e crê na eternidade !(mas que te deu na telha para escrever aquele arrependente soneto, Oh Manuel Maria Barbosa Du ? ) -
ou se - fatalidade negra-negra, que já lhe gelava a cara, prépondo, fazendo o download da máscara mortuária final, misto de sorriso e de esgar - iria parar aos quintos do inferno, para aí ser picado. lanceado. talhado. decapitado. perfurado. cozido e grelhado por macambúzia ou feroz cambada canalha e pesporrenta de maltrapilhos cheios da zumbidora e imparável energia do Mal. Enfim, no derradeiro filme, no último teatro, havia mesmo Suspense até ao fim.
Mas o Imagine do Lennon deu cabo, disso. Não se vai para lado nenhum! Finis patriae et Ego! Agora toma lá tranquilizante. Come a sopa morna, e de pacote. Chora a lagrimita da benzodiazepina. Enfrasca-te no pronto-já-passou-pronto-a-vestir.
Entretanto, o No Hell da cançonetazita, corolário inescapável do No Heaven também tem muito que se lhe diga.
Uma vez que a Grande Gadanheira corta o ritmo cardíaco pela raíz, e o cérebro pifa - de repente como uma lâmpada que se fundiu - não há save nem back up que lhe valha (por enquanto e durante e muitos gregorianos anos pela frente o cérebro e os seus conteúdos, e potenciais vai ser intransferível para qualquer suporte de memória) - põe-se a Pergunta Crucial
então vai toda a malta para o mesmo lugar?
Um lugar comum. O reducionismo igualitarista decretou que agora vivemos num grande caldo amorfo, sem metafísica. Qualquer coisa como o Lietchenstein ocupado pela China, ou a China ocupada pelo Lietchenstein,
Dada a gravidade da situação, nós Hindividualistas F'Rozes avançamos com uma
Proposta patafísica:
Imagine there is Heaven and no Heaven too But you're not allowed to get into any of them.
1 Comments:
Huh! Wow! I like that song. I mean I used to like that song. I don't know if I want to thank you or to pinch you in the nose (so to speak).
Anyway thanx. Great post. Made me think.
Sorry I read, but don´t write portuguese, except some sentences like
Até logo -
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