A SOCIEDADE DO UNIFORME
Uma vez no aeroporto de Frankfurt confirmei o que tinha lido em Nietzche, os alemães adoram o uniforme. Não só os tansos militares, que empertigam muito o único que tem, a espinal medula, mas os assim chamados civilians. Ver os alemães a correr, todos, civis e militares, todos fardados, foi uma experiência única. Tinha à minha frente um claro exemplo do que é uma sociedade toda ela militarizada. O III Reich fora apenas uma das muitas formas que essa sociedade sem imaginação nenhuma tomou. O espírito ríspido, prussiano, que se resume em schnell e verbotten estava ali à minha frente, massivo, aplicado e com aquela fúria no método que faz parecer que se está vivo aos espíritos sem ideia própria.
Mas tirem-se os uniformes às pessoas, e a sua horrível nudez tornar-se-á clamorosa. A Moda, rápida a seguir os ditames da ideologia da falsa mutabilidade, a da retórica do Novo, cria constantemente novos uniformes. Se os manequins não desfilam a passo de ganso, não é menos certo que desfilam com um movimento artificial, metendo um pé no enfiamento do outro. O gosto nefasto por paradas e desfiles, é o gosto pelo automáto e pela repetição que simula que algo se está a passar, quando no fundo só se passa o mesmo. O mesmo repetido até à exaustão.
Os novos uniformes da Moda são descartáveis, é certo. Serão substituídos por outros. Mas a ideia de "pertença" a um grupo, a uma ideia, a uma camisola é a ideia forte subjacente, a ideia do uni forme. Ou seja o espírito de grupo contra o individual. A moda é o socialismo aplicado.
E isto, nesta febre aforística que atravesso condensa-se neste aforismo (My kingdom for an aphorism):
Vestir o que os outros pensam que devemos vestir é uma maneira muito despótica de conseguir despir-nos, de motu próprio.
Pintura: Maria Madalena, por El greco
Mas tirem-se os uniformes às pessoas, e a sua horrível nudez tornar-se-á clamorosa. A Moda, rápida a seguir os ditames da ideologia da falsa mutabilidade, a da retórica do Novo, cria constantemente novos uniformes. Se os manequins não desfilam a passo de ganso, não é menos certo que desfilam com um movimento artificial, metendo um pé no enfiamento do outro. O gosto nefasto por paradas e desfiles, é o gosto pelo automáto e pela repetição que simula que algo se está a passar, quando no fundo só se passa o mesmo. O mesmo repetido até à exaustão.
Os novos uniformes da Moda são descartáveis, é certo. Serão substituídos por outros. Mas a ideia de "pertença" a um grupo, a uma ideia, a uma camisola é a ideia forte subjacente, a ideia do uni forme. Ou seja o espírito de grupo contra o individual. A moda é o socialismo aplicado.
E isto, nesta febre aforística que atravesso condensa-se neste aforismo (My kingdom for an aphorism):
Vestir o que os outros pensam que devemos vestir é uma maneira muito despótica de conseguir despir-nos, de motu próprio.
Pintura: Maria Madalena, por El greco
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