VISITA ABJECCIONISTA
Ontem pela primeira vez vi uma sessão da Assembleia da República. Não levei gás pimenta. Mas fiquei com pensamentos sarin. Então são aqueles os nossos representantes? Um tipo com ar de Sócrates, de fato cinzento light, com ar de caixeiro viajante, era mesmo o Sócrates. Estava num acto puro de vendedor de banha da cobra, a proclamar urbi et orbi as três modalidades de preços das mensalidades dos portáteis massificados destinados à iliteracia imberbe nacional .
Mas entretnato soube, por portas travessas, e fontes geralmente indignas de crédito que a mãe de Sócrates, fez-se luz!, é testemunha de Jeová, uma seita fundamentalista, autoritária, apocalíptica. cuja revista-base é a Watchtower. Delas, testemunhas de Jeová, herdou Sócrates a piranhice. Quando mordem um cliente prospectivo nunca mais o largam. Já toda a gente experimentou fechar a porta a Testemuhas de Jeová e sabe como eles são coriáceos, estão mentalmente blindados, não ouvem a nossa body language e ainda menos a linguagem da razão - porque só eles são donos da verdade e da razão. Dá um trabalhão sair das suas redes.
A verdade é que o Sr. Sócrates sai à mãe. Teimoso, coriáceo, impermeável à réplica, é uma Testemunha de Jeová, com uma ressalva, o seu Jeová é um Socialismo Pasteurizado, Revisto, Corrigido, "Modernizado". Vende o seu produto com unhas e dentes até ao fim. O Jeová de Sócrates é a "Modernização". Ele é um messias da tecnologia massificada. Acredita devotamente que a massificação e democratização da internet vai promover conhecimento, e este servirá para a sociedade de economia do conhecimento, e esta sociedade na sua utopia de cândido é o seu Éden, a sua Torre de Sentinela.
Astuto, manhoso, torto, esperto e vestido decentinho de cinzento claro como um vendedor, como uma testemunha de Jeová - eis Sócrates, que me pareceu um avatar bastante fiável do "Zé" do Bordalo (bem entendido, em versão moderna, depois de uma dieta de Atkins e de ser barbeado). Tem mãos magras de quem nunca levantou um peso, um aspecto magro de manequim de sexo indeciso de Calvin Klein. Não percebo porque dizem que veste bem. Não veste bem, mesmo que tenha roupas Armani. (Mas quem disse que o Armani era top em bom gosto? não é de todo). Sócrates não tem chic. Tem um ar de citadino provinciano ou de provinciano citadina. Abre e levanta os braços com rigidez de metrónomo, ajudando a sua frase tribunícxia, com um vibrato martelado. Na ponta dos braços aquelas mãos fininhas, irreais, lineares, parece não terem força. Será que o jogging dá pensamentos unilineares e tira garra?
Reparei que quando está de pé na tribuna do governo a replicar estão sempre a chegar-lhe papéis por baixo da bancada. Reparei que não agradeceu à senhora empregada da Assembleia da República que lhe levou um copo de água. Reparei tammbém que quando o presidente da Assembleia Geral, um homem de idosa e acarecada cabeçorra e voz ensonada ou céptico-xanaxada chamado Jaime Gama (não é um Gama dos bons, dos descendentes do Vasco da Gama) lhe dizia é favor terminar sr. primeiro ministro, ele não lhe ligava nenhuma. O homem não tem lá grande educação, vê-se logo. Deve pegar na chávena de chá com o dedo mindinho esticado, como o dr. Mário Soares, que também não tem muito chá. Já se sabe: é fatal a pequena-burguesia.
Enfim, o sr. Sócrates tem um ar de ser transicional entre o Zé Povinho e a pequena burguesia, o que dá imediatamente cabo do chic. Fatal: tem uma pronúncia beirã. Não diz grealha como nós, gente de bem, diz grêlha. Não diz área, diz iárea. Não diz coaelho, diz coêlho. E o cinzento fica-lhe péssimo, acentua o ar de roupinha limpa e engomada mas de licra, de armazém do Martim Moniz a imitar loja de upgraded da rua Garrett.
A sua técnica de resposta é a famosa técnica de ouvidos de mercador. Nunca responde directamente a perguntas directas. Esgueira-se, zigue-zagueia, contorna, vai dar várias voltas ao bilhar grande, assobia para o lado, e não responde, sobretudo quando as perguntas são embaraçosas. Ou então usa o sarcasmo, ex-cathedra. E procura escavar no passado dos oponentes. Tem óptimos dossiers prontos sobre o passado dos oponentes, como um Richelieu, que conhece os pontos fracos dos inimigos. Tem assessores competentes na procura e encontro dos dark sides dos oponentes. As famigeradas folhas de papel com os dados aparecem-lhe nas mãos como por encanto. É um ilusionista que vai tirando da cartola aquelas folhas de papel com dados, estatísticas e dark sides dos oponentes.
A voz dele não é musical. Arranha na medula. Tem uma mistura de timbre metálico com falsete. O estilo oratório é martelado, tribunício, com vibrato, que faz lembrar a primeira república. E também vagamente hipnótico e magnetizador. Em suma, um banha da cobra um pouco mais elaborado. Também a sua voz, por vezes, tem requebros femininos e suplicativos. Mas cansa, enerva e adormece.
Os ministros da sua bancada: um Goya para os pintar seria necessário. Eu acho que quem não vê as coisas e os seres com olhos de pintor não vê coisa nenhuma. Um Goya e um Bosch impunham-se. Naturalmente, não duvidariam em reconhecer que quem tem à sua frente são seres altamente grotescos (já que grotescos cada um de nós o é, em certa medida, e não pequena). A Máscara séria e satanazim do Teixeira dos Santos era admirável para entrar no Museu dos registos da expressão da hipocrisia à portuguesa, que não a devem deixar escapar. Como também não devem deixar fugir a cara desmanchada, de quem perdeu as escoras, a cara que desmorona a olhos vistos do ministro Pinho, ódio de estimação deste blog. O ar de-que-a-mim-não-me-topam e-mesmo-se-me-toparem-marimbo-nisso, espertalheiro, do ministro das Obras Públicas, também merecia um pincel goyesco e boschiano para a descrever, um misto de fácies porcino com marinheiro fluvial de soirée do Alpalhão, uma espécie de concentrado de empreiteiro com falso arquitecto do croquete plástico que é o subúrbio global nacional. Em suma, temos na bancada do governo uma fabulosa galeria de fácies para um tríptico da Nova Burguesia no Poder. No fundo, são todos rostos burgueses, com as papadas, os vergões, os pontos negros, os olhos divergentes e assimétricos (Vieira da Silva), a solenidade, a papância, e o poleirismo empinado. Podiam ser ministros de qualquer era de Portugal.
Quanto ao sr. Sócrates, um dia analisado o seu genoma, certamente lhe será indiciado um grau alto de homo neandarthalensis. Um misto de roberto com marroquino, com uma caixinha digital lá dentro trabalhada pela Watchtower da mamã, e a Torre da Covilhã do papá (a opus magnum do arquitecto, um verdadeiro mamarracho que estragou a escala das casas e dos seres).
E que mais? a oposição não lhe fica atrás. Portas-Polichinelo com um "vibrato" na voz entre o metálico e o flautim de bisel , a martelar os seus argumentos numa voragem de os apresentar muitos em formação de combate, vaga após vaga. Que nervoseira, Portas. Faça como o mano, fume (charros), beba (uns velhinhos, uísquis, claro, made in Scotland, caseiros, nunca de supermercado). Descontraia o dedo. Não seja uma mauser de repetição.
Louçã experimenta o humor, o que lhe fica bem porque atenua o apadralhado. Mas o fato! Não se pode levar a sério um homem com um fato tão piroso. O mesmo digamos de Jerónimo de Sousa, com voz untuosa, crucificado na crista do proletariado, a pingar nobre sangue proletário num fato misto de testemunha de jeová e de marechal Tito.
E o pobre Miguel Madeira Lopes do Partido os Verdes, enxovalhado pelo duende roberto Sócrates, tem ar de Virgem Negra e lê o discurso sem quase levantar os olhos a uma velocidade impressionante. Um John Lennon tardio, de negro vestido como um estudante finalista da António Arroio de há dez anos atrás, a ler a sua redacção na Assembleia da República, lembra o que aquela Assembleia de facto é: um Pátio das Comédias, uma fábrica de personagens para o Novo Tríptico de Nuno Gonçalves: as Novas Camélias de Plástico em Flor. Mas é ali que se fabricam os decretos que dão dinheiro àquela cambada de intermediários dos bildebergues daquém e dalém mar, e nos enrabam a frio e a quente, no meio de vozes de juízes lésbicos.
Mas entretnato soube, por portas travessas, e fontes geralmente indignas de crédito que a mãe de Sócrates, fez-se luz!, é testemunha de Jeová, uma seita fundamentalista, autoritária, apocalíptica. cuja revista-base é a Watchtower. Delas, testemunhas de Jeová, herdou Sócrates a piranhice. Quando mordem um cliente prospectivo nunca mais o largam. Já toda a gente experimentou fechar a porta a Testemuhas de Jeová e sabe como eles são coriáceos, estão mentalmente blindados, não ouvem a nossa body language e ainda menos a linguagem da razão - porque só eles são donos da verdade e da razão. Dá um trabalhão sair das suas redes.
A verdade é que o Sr. Sócrates sai à mãe. Teimoso, coriáceo, impermeável à réplica, é uma Testemunha de Jeová, com uma ressalva, o seu Jeová é um Socialismo Pasteurizado, Revisto, Corrigido, "Modernizado". Vende o seu produto com unhas e dentes até ao fim. O Jeová de Sócrates é a "Modernização". Ele é um messias da tecnologia massificada. Acredita devotamente que a massificação e democratização da internet vai promover conhecimento, e este servirá para a sociedade de economia do conhecimento, e esta sociedade na sua utopia de cândido é o seu Éden, a sua Torre de Sentinela.
Astuto, manhoso, torto, esperto e vestido decentinho de cinzento claro como um vendedor, como uma testemunha de Jeová - eis Sócrates, que me pareceu um avatar bastante fiável do "Zé" do Bordalo (bem entendido, em versão moderna, depois de uma dieta de Atkins e de ser barbeado). Tem mãos magras de quem nunca levantou um peso, um aspecto magro de manequim de sexo indeciso de Calvin Klein. Não percebo porque dizem que veste bem. Não veste bem, mesmo que tenha roupas Armani. (Mas quem disse que o Armani era top em bom gosto? não é de todo). Sócrates não tem chic. Tem um ar de citadino provinciano ou de provinciano citadina. Abre e levanta os braços com rigidez de metrónomo, ajudando a sua frase tribunícxia, com um vibrato martelado. Na ponta dos braços aquelas mãos fininhas, irreais, lineares, parece não terem força. Será que o jogging dá pensamentos unilineares e tira garra?
Reparei que quando está de pé na tribuna do governo a replicar estão sempre a chegar-lhe papéis por baixo da bancada. Reparei que não agradeceu à senhora empregada da Assembleia da República que lhe levou um copo de água. Reparei tammbém que quando o presidente da Assembleia Geral, um homem de idosa e acarecada cabeçorra e voz ensonada ou céptico-xanaxada chamado Jaime Gama (não é um Gama dos bons, dos descendentes do Vasco da Gama) lhe dizia é favor terminar sr. primeiro ministro, ele não lhe ligava nenhuma. O homem não tem lá grande educação, vê-se logo. Deve pegar na chávena de chá com o dedo mindinho esticado, como o dr. Mário Soares, que também não tem muito chá. Já se sabe: é fatal a pequena-burguesia.
Enfim, o sr. Sócrates tem um ar de ser transicional entre o Zé Povinho e a pequena burguesia, o que dá imediatamente cabo do chic. Fatal: tem uma pronúncia beirã. Não diz grealha como nós, gente de bem, diz grêlha. Não diz área, diz iárea. Não diz coaelho, diz coêlho. E o cinzento fica-lhe péssimo, acentua o ar de roupinha limpa e engomada mas de licra, de armazém do Martim Moniz a imitar loja de upgraded da rua Garrett.
A sua técnica de resposta é a famosa técnica de ouvidos de mercador. Nunca responde directamente a perguntas directas. Esgueira-se, zigue-zagueia, contorna, vai dar várias voltas ao bilhar grande, assobia para o lado, e não responde, sobretudo quando as perguntas são embaraçosas. Ou então usa o sarcasmo, ex-cathedra. E procura escavar no passado dos oponentes. Tem óptimos dossiers prontos sobre o passado dos oponentes, como um Richelieu, que conhece os pontos fracos dos inimigos. Tem assessores competentes na procura e encontro dos dark sides dos oponentes. As famigeradas folhas de papel com os dados aparecem-lhe nas mãos como por encanto. É um ilusionista que vai tirando da cartola aquelas folhas de papel com dados, estatísticas e dark sides dos oponentes.
A voz dele não é musical. Arranha na medula. Tem uma mistura de timbre metálico com falsete. O estilo oratório é martelado, tribunício, com vibrato, que faz lembrar a primeira república. E também vagamente hipnótico e magnetizador. Em suma, um banha da cobra um pouco mais elaborado. Também a sua voz, por vezes, tem requebros femininos e suplicativos. Mas cansa, enerva e adormece.
Os ministros da sua bancada: um Goya para os pintar seria necessário. Eu acho que quem não vê as coisas e os seres com olhos de pintor não vê coisa nenhuma. Um Goya e um Bosch impunham-se. Naturalmente, não duvidariam em reconhecer que quem tem à sua frente são seres altamente grotescos (já que grotescos cada um de nós o é, em certa medida, e não pequena). A Máscara séria e satanazim do Teixeira dos Santos era admirável para entrar no Museu dos registos da expressão da hipocrisia à portuguesa, que não a devem deixar escapar. Como também não devem deixar fugir a cara desmanchada, de quem perdeu as escoras, a cara que desmorona a olhos vistos do ministro Pinho, ódio de estimação deste blog. O ar de-que-a-mim-não-me-topam e-mesmo-se-me-toparem-marimbo-nisso, espertalheiro, do ministro das Obras Públicas, também merecia um pincel goyesco e boschiano para a descrever, um misto de fácies porcino com marinheiro fluvial de soirée do Alpalhão, uma espécie de concentrado de empreiteiro com falso arquitecto do croquete plástico que é o subúrbio global nacional. Em suma, temos na bancada do governo uma fabulosa galeria de fácies para um tríptico da Nova Burguesia no Poder. No fundo, são todos rostos burgueses, com as papadas, os vergões, os pontos negros, os olhos divergentes e assimétricos (Vieira da Silva), a solenidade, a papância, e o poleirismo empinado. Podiam ser ministros de qualquer era de Portugal.
Quanto ao sr. Sócrates, um dia analisado o seu genoma, certamente lhe será indiciado um grau alto de homo neandarthalensis. Um misto de roberto com marroquino, com uma caixinha digital lá dentro trabalhada pela Watchtower da mamã, e a Torre da Covilhã do papá (a opus magnum do arquitecto, um verdadeiro mamarracho que estragou a escala das casas e dos seres).
E que mais? a oposição não lhe fica atrás. Portas-Polichinelo com um "vibrato" na voz entre o metálico e o flautim de bisel , a martelar os seus argumentos numa voragem de os apresentar muitos em formação de combate, vaga após vaga. Que nervoseira, Portas. Faça como o mano, fume (charros), beba (uns velhinhos, uísquis, claro, made in Scotland, caseiros, nunca de supermercado). Descontraia o dedo. Não seja uma mauser de repetição.
Louçã experimenta o humor, o que lhe fica bem porque atenua o apadralhado. Mas o fato! Não se pode levar a sério um homem com um fato tão piroso. O mesmo digamos de Jerónimo de Sousa, com voz untuosa, crucificado na crista do proletariado, a pingar nobre sangue proletário num fato misto de testemunha de jeová e de marechal Tito.
E o pobre Miguel Madeira Lopes do Partido os Verdes, enxovalhado pelo duende roberto Sócrates, tem ar de Virgem Negra e lê o discurso sem quase levantar os olhos a uma velocidade impressionante. Um John Lennon tardio, de negro vestido como um estudante finalista da António Arroio de há dez anos atrás, a ler a sua redacção na Assembleia da República, lembra o que aquela Assembleia de facto é: um Pátio das Comédias, uma fábrica de personagens para o Novo Tríptico de Nuno Gonçalves: as Novas Camélias de Plástico em Flor. Mas é ali que se fabricam os decretos que dão dinheiro àquela cambada de intermediários dos bildebergues daquém e dalém mar, e nos enrabam a frio e a quente, no meio de vozes de juízes lésbicos.
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