UMA CASA XANAX
Uma casa xanax é onde tudo funciona na perfeição : as gavetas deslizam sem ruído e sem resistência, todas as portas abrem cumprindo todas as regras da poluição sonora, não se tropeça nunca em fios porque não há fios, não há nem um grão de pó nos móveis, não se vê uma única teia de aranha - não há animais em casa por uma série de razões medicinais. Os sofás tem todas as molas, nunca nenhum gato afiou as unhas num sofá, as almofadas recebem sem um suspiro traseiros imaculados, nas paredes não se vê um rasto de scoth tape, de punaise, de prego - as paredes estão sempre todas em estado de lifting e todos os quadros estão direitos.
Quem vive lá? um casal laboratorial ou feito no laboratório - os jornais depois de lidos ficam impecavelmnete dobrados. os livros nas parateleiras estão minuciosamente alinhados, por altura, tema, cor. Os DVDs tem um armarinho. Estamos certamente dentro de uma cápsula espacial, na terra é que não.
Enquanto escrevo isto Cadamosto, a minha Serpente Negra, achou que, qual caduceu, era uma graça enroscar-se no pé do candeeeiro alto e a minha gata Mura (saki) acaba de me entornar uma taça de Colares tinto sobre o tapete persa, de Saffazz. E olho para uma teia de aranha onde de facto vive uma aranha que não sei se faz fios de luz ou se capta raios de luar com oito patas imóveis. Uma nómada na imobilidade.
Se a juíza da Deco entrasse em minha casa achava 208 situações irregulares. Se o sr. John Li, sino-amercano, pai do Feng Shui por aqui deslizasse encontrava irregularidades gritantes que comprometem a circulação do Chi. Na cozinha, ond estão cinco recém nascidos gatinhos, filhos da Iuri, dentro de um caixote, a brigada do prof. Mexia que quer tirar o sal da dieta aos portugueses poria as mãos na cabeça dizendo que não é higiénico. Os inspectores da União Europeia cheios de desdém enxotariam os gatos.
Entretanto, quando algum político aparece no ecrã da TV todos lhe fazemos belos manguitos. Não vivemos numa casa da Zara, o espírito da Habitat foi dez vezes exorcizado, aqui não entra design nórdico nem aquelas coisadas Zen minimalistas. Isto é uma Arca de Noética Aplicada. Cada aranha ganha mais do que o salário mínimo. Os beijos são mais saborosos com mostarda.
Quem vive lá? um casal laboratorial ou feito no laboratório - os jornais depois de lidos ficam impecavelmnete dobrados. os livros nas parateleiras estão minuciosamente alinhados, por altura, tema, cor. Os DVDs tem um armarinho. Estamos certamente dentro de uma cápsula espacial, na terra é que não.
Enquanto escrevo isto Cadamosto, a minha Serpente Negra, achou que, qual caduceu, era uma graça enroscar-se no pé do candeeeiro alto e a minha gata Mura (saki) acaba de me entornar uma taça de Colares tinto sobre o tapete persa, de Saffazz. E olho para uma teia de aranha onde de facto vive uma aranha que não sei se faz fios de luz ou se capta raios de luar com oito patas imóveis. Uma nómada na imobilidade.
Se a juíza da Deco entrasse em minha casa achava 208 situações irregulares. Se o sr. John Li, sino-amercano, pai do Feng Shui por aqui deslizasse encontrava irregularidades gritantes que comprometem a circulação do Chi. Na cozinha, ond estão cinco recém nascidos gatinhos, filhos da Iuri, dentro de um caixote, a brigada do prof. Mexia que quer tirar o sal da dieta aos portugueses poria as mãos na cabeça dizendo que não é higiénico. Os inspectores da União Europeia cheios de desdém enxotariam os gatos.
Entretanto, quando algum político aparece no ecrã da TV todos lhe fazemos belos manguitos. Não vivemos numa casa da Zara, o espírito da Habitat foi dez vezes exorcizado, aqui não entra design nórdico nem aquelas coisadas Zen minimalistas. Isto é uma Arca de Noética Aplicada. Cada aranha ganha mais do que o salário mínimo. Os beijos são mais saborosos com mostarda.
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