CARTA A UM DEMÓNIO DESANIMADO
a mim o que me cansa mais é a falta de lucidez, coisa que é pródiga neste país e por isso devia estar derreado, com a adrenalina numa miséria - mas não estou: respiro maçãs, drogo-me com o nascer do sol, e à tarde, junto de Rimbaud, misturo-me ao raios de sol que fugiram com o mar.
Depois deito-me Lua e acordo Vento. Há acordos e desacordos essenciais que as pessoas deviam tomar para com as coisas. Ser responsável pela asa dos Cisnes, por exemplo. Preocupar-se com as corridas das últimas cabras montesas. Contribuir para o brilho das listras do Tigre.
A mim só me interessa pensar, por vezes, que passo por ruas desertas de automóveis, e com as cidades ao fundo, evaporadas. Cada um tem o apocalipse que deseja, penso. No meu, uma Parede de Andorinhas levanta as colinas, com ouro e vermelho. O clamor das trombetas não é para aqui chamado. O grasnido dos corvos, animal com quem simpatizo e até trocaria com ele alguma plumagem, ouve-se agora. Acho que encontrei um ponto de pessimismo tónico ao não acreditar em nada. Em nada? Em nada! sou dos únicos seres sem crença que conheço. Assim é que tenho Asa para a Clara Luz do Vazio e os pés cobertos de lama, e do verdadeiro speed dos caminhos que se vão fazendo, andando ao acaso por todos os mundos possíveis, opostos ou harmonizados - mas todos imunes à penicilina temporária das crenças.
Diria que só assim o absinto é doce, e vira a página da paisagem com uma delicadeza de assassino antigo.
Depois deito-me Lua e acordo Vento. Há acordos e desacordos essenciais que as pessoas deviam tomar para com as coisas. Ser responsável pela asa dos Cisnes, por exemplo. Preocupar-se com as corridas das últimas cabras montesas. Contribuir para o brilho das listras do Tigre.
A mim só me interessa pensar, por vezes, que passo por ruas desertas de automóveis, e com as cidades ao fundo, evaporadas. Cada um tem o apocalipse que deseja, penso. No meu, uma Parede de Andorinhas levanta as colinas, com ouro e vermelho. O clamor das trombetas não é para aqui chamado. O grasnido dos corvos, animal com quem simpatizo e até trocaria com ele alguma plumagem, ouve-se agora. Acho que encontrei um ponto de pessimismo tónico ao não acreditar em nada. Em nada? Em nada! sou dos únicos seres sem crença que conheço. Assim é que tenho Asa para a Clara Luz do Vazio e os pés cobertos de lama, e do verdadeiro speed dos caminhos que se vão fazendo, andando ao acaso por todos os mundos possíveis, opostos ou harmonizados - mas todos imunes à penicilina temporária das crenças.
Diria que só assim o absinto é doce, e vira a página da paisagem com uma delicadeza de assassino antigo.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home