O INVULGAR INFULGOR DA ESCRITA (dos cadernos de Pan)
Quem de facto escreve, com generosidade 5 ou 6 pessoas em Portugal, sabe que tem que se passar por uma fase noite escura da pirotecnia, na qual se o escritor tiver paciência e trabalho, lança pela borda fora a cintilância, o féerico e a bolha de champagne e também se despede feroz ou alegremente da publicidade ao brilhozinho na sílaba.
Assim, tendo pelo caminho excluído o destino e a sorte, e mesmo aquele primeiro verso dado pela Musa, o escritor chegará à sua essência surda e opaca, à terra do seu em-si, onde as nuvens são subterrâneas e os grandes rios cruzam os céus.
Mas há muito mais para a frente, de facto, só agora a jornada começou, plenamente sem objectivos, até chegar à "unio mystica" com o Verbo que não se cansa de re-escrever todas as coisas.
A plenitude incompleta, podia-se chamar a esse estado gratuito e infiel às possibilidades racionais da era. Mas que tem que ver com a ascenção de todas as coisas, não à fantasia e à fábula, mas a uma super-realidade.
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