ESTADOS GERAIS PESSIMISTAS
Nada é mais irritante do que racionalizar à força um país onde viceja um caos luxuriante, e uma irreverência simpática em relação à pontualidade.
Um país que teme estar "atrasado" e tudo faz para o evitar nunca se adianta.
O balanço difícil de um país que se esqueceu de construir novos labirintos é este: está entalado entre "nobres múmias" e novos cadáveres técnicos e modernizadores.
Não deixa de ser curioso ver um país modernizado por gentes que tem um cadáver atravessado no cérebro.
Os pessimistas amargos e os candides optimistas escrevem mal: o fel do mel de um não suplanta o mel do fel do outro, por isso sugiro o pesismismo tónico. Tem a vantagem soberana de não ser nada de novo e ter a chancela dos estóicos.
Há certos sorrisos que tendem para o esgar permanente.
Tenho visto que os governos aumentam o número de moscas, e as autoestradas a quantidade de lixo.
Um homem simplista pensa com o cóxix.
A vertebração do homem consistiu em criar uma vértebra gigante: o crânio.
Sempre que vejo um pensador francês mudo de hemisfério (cerebral).
A paixão igualitária é sempre imposta pelos que crêem que as sociedades de estúpidos normais funcionam muito melhor. Tem toda a razão, funcionam sem dúvida, mas não existem.
O mau funcionamento da natureza é o que a tem salvo de se parecer a um saco de plástico.
Reclamei e conquistei este privilégio: nascer sem Estado. Sou o primeiro dos não hegelianos: cheiro a horda mongol e a montanha e não deixo marcas por onde passo. Ofensa à sensível pituitária, às cabecinhas Lego? Um pensamento que não deixe sangue por todo o lado é o quê?
A paixão de querer transformar o mundo tem-no tornado cada vez mais inviável.
Foto cavernas do povo "guanche" nas ilhas Canárias
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