MON PROBLÈME AVEC LE SPORTING
Já me convenci às claras que a actual equipe do Sporting (que é o meu team) é bipolar soft. Passa um dos tempos a dormir, depois solta um fiozinho de serotonina, o Liedson rejuvenesce cinco anos, acontecem então, evento anómalo, dois minutos de futebol no paraíso, depois a serotonina e os seu antagonistas, a adrenalina e a nor-adrenalina esgotam-se. Vêem-se pedaços do sistema límbico e cápsula surparrenal pelo relvado. Mas o ar angustiado de homem do povo promovido a centurião romano do Paulo Bento é para durar sempre, é a constante de Planck do Sporting. Com efeito, o homem sofre, está linkado a cada jogador e à gravata verde. A gravata faz-lhe mal,incomoda-o e ele puxa-a, aperta-a, afasta-a, põm-na de lado, recompõem-na. O jogo entre a tiróide e a maçã de Adão contra as suas próprias mãos e instâncias de Superego do Paulo Bento é o mais dramático de todo o jogo. Entretanto, os advérbios de modo acumulam-se na sua garganta. Fatal, não tarda nada no flash interviu dirá "logicamente".
Mais uma vez falhámos.
Os penaltis que o Sporting marca e falha com abundância singular são puro exercício de masoquismo público. Tenho algumas teorias não conspiratórias sobre isso como : a) estão num practical joke contínuo. Ou seja combinaram tudo no balneário, o dadaísta do team disse vamos fazer humor negro nestes jogos onde não há nada. Ou seja, vamos falhar. E não à tio neo realista, nem à cabana do Pai Tomás, vamos falhar espectacularmente. Assim seremos recordados. Não havendo nada para recordar, com efeito, deve ser isso. Situs inversus conseguido! Não há outra explicação. E resta que é mais difícil falhar um penalti do que marcá-lo.
Jogadores incompreensíveis como Purovic, que qualquer anedota de ginásio via que é um pneu Michelin desidratado, desarticulado e enferrujado levou quinze jogos para ver que é Pinóquio ainda no estaleiro. Logicamente. Mas quem contrata estes imberbes? Outra contratação incompreensível: o neandertal Ronnie. Que tem um tiro colossal, que isto que aquilo. Mas não dá uma para a caixa. Não se percebe porque era o marcador de todos os livres. Depois de ter falhado uns quinze ou mais - eram bombas, claro - mas sem sistema de direcção, não dava para perceber que não basta ter um pé explosivo e mais força nos abdutores da coxa que dois ou três jogadores juntos? É preciso jeito. E o menino neandertal não o tem, ou perdeu-o. A pastilha Ronnie não tirou a azia à equipe.
A ideia que a equipe é jovem e por isso está sempre em crise existencial, e vai-se abaixo à menor contrariedade já não dá. Depois, se o infantário tem tão pouca consistência anímica porque põe o infantário a jogar, então? Para fazer rodar jogadores? Parece-me que o Sporting deu-se a este luxo: treina durante o campeonato. A equipe não percebeu a diferença entre o campeonato e os treinos, ao que parece. Este nível de desfasamento cognitivo é que explica que só de vez em quando acordam e percebem que não estão num treino porreirinho, pianinho lá em Alcochete ao lado dos flamingos. Aí até dão uma imagem que não jogam mal. Mas ficam logo aterrados, e cedo voltam às partidas mais xanax-masoch do campeonato.
Valha a verdade, um Benfica em estado esquizóide, um Porto medíocremente regular (rolo compressor, lhe chamou o Jaime Pacheco com justeza, mas não mais do que isso), e outros teams que deviam estar na Terceira Liga, deram um dos campeonaos mais chatos dos últimos anos.
1 Comments:
Está certíssimo: as creches não deviam jogar!
Luís Loomis
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