OS AUTOMÓVEIS VÃO PARA O CÉU
estou convencido que os automóveis vão para o céu - aturam cada um, bebem aquela porcaria da gasolina, andam empapados em óleo, são sujeitos a banhos diários, andam sobre pneus que regularmente mudam. Se estão na fila durante horas não protestam, a não ser que um bípede de queixada zangada que julga que é o dono deles prima a buzina. Por si mesmo um atuomóvel nunca tocaria buzina, viveria num silêncio monástico, mas uns saloios zangados que gostam de ruído, e cujo único músculo é a buzina, abusam deles, descarregam-lhe as baterias, esgotam-lhe as cambotas, espremem-lhe o subsconsciente e dão uns buzinões de apocalipse.
Ouvem conversas triviais - é sabido que F Pessoa só andou de Chevrolet na estrada de Cintra e que Wliiam Shakespeare detesta carros, ouvem todos os palavrões do mundo, que são meia dúzia deles porque a própria arte do insulto anda que é uma miséria, e um dia, quando aqueles truques todos automáticos que lhes puseram sem lhes pedir opionião pifam de vez, acabam uns por cima dos outros em pilhas, esquecidos, à espera de serem compactados.
Por isso tudo: pela sua vida de devoção humilde, de paciência resignada, pela virtude da tolerância com que se esfrangalham com equanimidade tanto contra um camião Tir como contra um Citroen, sem discriminação, o Papa dos automóveis canonizou-os em vida. Vão todos para o céu. Pode-se rezar, por exemplo, ao Mercedes Benz deste modo:
Mercedes Bento que estais nos céus
Luibrificado seja o teu nome
Venha a nós o vosso ronco
seja feita a vossa velocidade
assim na terra como no céu
O pistão nosso de cada dia
nos dai hoje
perdoai-nos as nossas ultrapassagens
assim como nós perdoamos a quem nos tem ultrapassado
e não nos deixeis cair na contramão
Ó man!
Ouvem conversas triviais - é sabido que F Pessoa só andou de Chevrolet na estrada de Cintra e que Wliiam Shakespeare detesta carros, ouvem todos os palavrões do mundo, que são meia dúzia deles porque a própria arte do insulto anda que é uma miséria, e um dia, quando aqueles truques todos automáticos que lhes puseram sem lhes pedir opionião pifam de vez, acabam uns por cima dos outros em pilhas, esquecidos, à espera de serem compactados.
Por isso tudo: pela sua vida de devoção humilde, de paciência resignada, pela virtude da tolerância com que se esfrangalham com equanimidade tanto contra um camião Tir como contra um Citroen, sem discriminação, o Papa dos automóveis canonizou-os em vida. Vão todos para o céu. Pode-se rezar, por exemplo, ao Mercedes Benz deste modo:
Mercedes Bento que estais nos céus
Luibrificado seja o teu nome
Venha a nós o vosso ronco
seja feita a vossa velocidade
assim na terra como no céu
O pistão nosso de cada dia
nos dai hoje
perdoai-nos as nossas ultrapassagens
assim como nós perdoamos a quem nos tem ultrapassado
e não nos deixeis cair na contramão
Ó man!
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