Leio os jornais distraídamente
tudo o que dizem faz-me rir.
É grave a hora? Pois sim, quando
é que não foi? Baleiam-se em Gaza?
Aqui não se pode correr um véu, tipo
filhos da puta dos judeus,
sacanas dos palestininanos.
Imagina que és um palestiniano,
e estás a comer um pão bolorento,
acompanhado por um chá
feito pela décima vez com o mesmo
saquinho da Tetley (chá dos proletas),
e de repente te cai um fémur no crânio.
É o do teu primo, do andar de cima.
O morteiro tinha escrito na ponta
"Shalom!"
Filhos da puta são todos os que disparam,
Acho eu. E os jornais fazem-me rir,
aquele riso entre o amargo e o doce,
de quem sabe que só tem dois olhos
bem abertos (e detesta chá de saquinho)
ah, e também fémures ensanguentados
a cair pelo crânio logo de manhã
quando um tipo está apenas a tentar
sobreviver.
Foto da minha gatuna Cesarina, tirada pela S.N. que também a baptizou em homenagem ao nosso sempre querido Cesariny, o mais gato dos poetas da Blusitânia.
3 Comments:
Tem razão, eu também me rio com a seriedade dos jornais, onde pelo que sei, se pratica diariamente o atropelo da inteligência deste País e a exploração descarada dos "funcionários" da notícia. A guerra é cá dentro e há muitas maneiras de extermínio. Tenho pena da gente, disto, esta coisa maravilhosa e miserável que é o Homem.
Mas que coisa antiquada ainda haver guerras!
EScreva você caro Drummond, e em português, porque neste momento já é sinónimo de requinte e de raridade.
Venham daí esses ossos para um abraço de muita simpatia e respeito.
Ó.
Os jornais estão nas mãos de grandes grupos económicos que formatam a realidade de acordo com os seus interesses sempre prioritariamente comerciais. Daí que se abram com desconfiança, se leiam com desprazer (excepções raras para um ou dois cronistas,para finalmente irem para o lixo - no meu caso, ainda tem um fim digno, servem de acendalhas para a lareira.
Muito obrigado pela sua simpatia que muito prezo,
Um grande abraço,e cumprimentos à sua "chinezinha"
Miguel
Caro Drummond:
a minha chinesinha retribui o cumprimento, abraços é que já é mais difícil por que ela nunca conseguiu ocidentalizar-se, não sei se isto existe.
Ó
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