SOMBREROS ASSIMÉTRiCOS
A sua mãe em pequenino metia-o dentro do chapéu, Era uma mulher enérgica, de língua muito afiada. De facto cortava o pão e a chouriça com a língua. às vezes a parva da mãe punha-se aos pinotes sobre a via férrea que nesses anos atravessava Barcelona e apontava para as estrelas e dizia: são peixes! depois vinham os homens do lixo e varriam pedaços de mãe. mas ela queria cá saber. Recuperava. Tinha umas ancas muito fortes. Numa delas viam-se todas as portas do Bairro dos Eusébios, uns tipinhos transparentes que só comiam aresta de peixe.
Ele de vez em quando saía do chapéu e voltava com bicicletas que roubava aos girassóis e aos entendidos do jazz, amigos do jazz-duarte. Passava dias a pôr-lhe pele. Queria bicicletas umanas com U. Tipo Todas Selim. Coisa Muito Anal.
depois saía a escorregar pela Porta dos Eusébios. Logo à entrada cheirava a peixe frito e dedos de mulata que era um primor. Guiava-se então por diminuições de nuvens, atarracamentos súbitos de edifícios. E gostava muito de um Estatelador de Nuvens que roubara a um cigano-cortador-de-pais.
Da série Biografias à faca (Vultos do Surreal Rehidratados)
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