/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2009-05

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

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2009-05-09

ESCREVEMOS LIBERDADE

Este poema é uma homenagem ao poema de Paul Éluard, Liberté, do qual pretende ser uma versão contemporânea nos novos tempos de servidão e trevas que atravessamos.


Em blogs evasivos
em pedaços de areia
que ficam entre zonas de lixo
entre indecisos subúrbios
à luz de estrelas mortiças
à luz do haxe e do luar
escrevemos o teu nome
liberdade

em linhas desactivadas
de comboios sem asas
em arrabaldes anónimos
onde cresce a erva ruim
e onde as gatas vão parir
os últimos gatos semi-selvagens
escrevemos o teu nome
liberdade

nas zonas do cais
que ainda não são turísticas
nos vãos das pontes
nas arcadas gastas
dos violoncelos quebrados
nas cadeiras atiradas fora
escrevemos o teu nome
liberdade

nos cinemas vazios
cujas paredes ruíram
nos muros que vedam
o murmúrio do mar
na nuvem suja de poeira
na nuvem de poeira
escrevemos o teu nome
liberdade

nos corredores abandonados
nas minas sem gente
nas praias poluídas
no rosto do fumo
e nos lábios do ozono
nos bordéis flutuantes
e nos cães perdidos
escrevemos o teu nome
liberdade

nas azas da mosca
que caga na hóstia
na cara da estátua
da República vendida
no rosto inane
do socialismo eterno
nos peidos dos presos
escrevemos o teu nome
liberdade


na seara queimada
no poço afundado
no perfume do asfalto
na complicada agonia
do país do cimento
nas fugas de pássaros
no rosto aberto
dos órfãos com pais
escrevemos o teu nome
liberdade

na muralha de semáforos
nos anúncios rasgados
nas chagas dos mendigos
falsas ou verdadeiras
no pús do crepúsculo
na gangrena das rosas
na lepra dos beijos
proibidos e nas dos fomentados
escrevemos o teu nome
liberdade

nos sapatos rotos
nas cartas mal escritas
dos emigrantes
nas pragas vãs
dos malditos
na cera dos ouvidos
dos mendigos altivos
na manhã universal
escrevemos o teu nome
liberdade

nos jornais atirados ao rio
nos poemas que nunca
ninguém leu ou lerá
nas biliotecas queimadas
na floresta desaparecida
no silêncio sangrento
do exílio dos deuses
e das dríadas
escrevemos o teu nome
liberdade

porque nós nascemos
para te disseminar
por toda a parte
Liberdade

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2009-05-06

NÃO DIZER MUITO

não queres dizer muito
mas há um vidro que tens de quebrar
e está no alto da montanha
ou escrito num verso qualquer
ou então tens que subitamente
mudar de direcção
ias para São Petesburgo?
de repente muda
para um país de nuvens
e de enigmas
ah os silêncios são inexoráveis
e gostam de nos ver enterrados neles
até que o sopro
seja uma espada em flor

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2009-05-03

UM GRANDE SORVO DE ASA


Injectar os ventos na veias, sem seringas.. E ver a rua como um sonho; sem telemóveis, com os automóveis evaporados - e só a mobilidade das coisas que não se vêem e dos seres, a que eles chamam vagabundos, sem objectivo.
Sem planos também. Sem futuros hílares com mordaças doces. Apenas os ossos rudes dos ventos, e a conspiração dos corvos marinhos, libertos de más metáforas e da poesia-grude, da poesia-cola-no-cu.
Ah então ver as grandes plantações de mandrágoras que esperam pelas praças e sorver as grandes cores proibidas. Havia universo debaixo do metro. Na Torre de Belém crescia uma liana que a segurava às nuvens.
Tu nómada, com as palavras à justa. E revolveres de todas as fugas, agora, diante do mar como um crime infinito.

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