/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2009-08

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2009-08-22

A INOPINADA GRIPE DAS FALÉSIAS


Uma indisciplInada falésia de rocha de arenito, desatenta às prescrições dos geólogos e às injunções dos doutos que regulam as costas do Allgarve resolveu em Albufeira- of all places - cair sem pré-aviso de greve sobre o areal, despachando 5 ou 6 incautos bípedes para os infernos.
A vinda rápida do PR que banhava em praia próxima, e do PM que se agremiava com consócios em terra menos próxima, oficializou a inopinada queda. As TVs, adoradoras de catástrofes naturais & outras, com grão profissionalismo, atentas ao esplendor dos massacres naturais, despacharam equipas para recolha de videos amadores sobre o desastre. Vimos, com a câmara a tremer de amadorismo, metade da falésia já esparramada no chão, e as águas coloridas de arenito. Planos vários de bulldozers na praia foram uma visão breve e profética do litoral algarvio, serão frequentes no futuro os bulldozers nas praias, como já o são por todo o lado. Nós, portugueses, amamos os bulldozers, os bulldogs, os bullterriers, e os bully people. Eles, como Liedson, resolvem.
A seguir ao PR, meio sorridente, de óculos escuros, a aceitar explicações das autoridades (que nunca estão lá quando é preciso) o PM de voz embargada pela emoção fungou de pena algumas palavras perante as câmaras. Nós, não sei porquê a comer caviar numa praia próxima, lembrámo-nos do provérbio posto em re-circulação pelo famigerado João César Monteiro - que Mefistófeles lhe crave suave garra! - quem espera por sapatos de defunto morre descalço.
Segundo a pléiade de geólogos, sismólogos e demais autoridades embaraçadas que, de repente, apareceram perante as câmaras, ficámos a saber que além de parte não desprezível dos 150 km de praias do Allgarve, mais de 30 % do restante litoral português está em estado de erosão. Não são só as mentes das autoridades, portanto, é também a natureza pura e dura que racha, esfarela e cai. Perante isto, o filósofo prático aconselharia por um lado moderado optimismo, por outro pessimismo tónico, convicto que nem um nem outro, no entanto, serão mais do que paliativos.

2009-08-19

Politrickers


Com os seus odores pesados e marcados, a exalação forte das daturas, o seu cheiro doce e enjoativo, as emanações de eflúvios que vêem de antiquíssimas cavalariças, cada vez mais a política me parece um jardim para cegos.

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2009-08-12



O narcótico favorito dos ocidentais , o álcool, tem um efeito rápido. E tal como há o motor a explosão, também há o cérebro a explosão, comum, nos bebedores. Por outro lado os orientais e as tribos índias da América do Sul tiveram narcóticos cujo efeito é lento como o ópio e a ayahuasca, e daí uma expansão das possibilidades do cérebro para lá das féericas possibilidades da explosão.

E quanto ao cérebro sem droga ou narcótico, perguntar-me-ão? Mas não existe tal coisa. Está-se sempre em narcose, ideológica, religiosa ou política. Por isso, um legislador que proíbisse os narcóticos ou as drogas deveria proibir não só as drogas duras e as leves (lamentável divisão, porque o que é duro para um é leve para outro) mas também os partidos, as religiões e as associações desportivas, todos eles responsáveis por narcoses colectivas que podem inclusivamente durar séculos.

A DIVINA EXCARNAÇÃO

Sigo o som das sibilas

sigo a sombra das sereias

Sigo aos Esses

BAUDELIMBOS


este braço de carne excarnada
nunca escreveu a poesia dos outros


SOU AFÁSICO COMO AS TARTARUGAS MUSICAIS DOS GRANDES FUNDOS

e por isso nuvem & notícia
atraso as partidas dos Grandes Transatlânticos


GOSTO DE BANDEIRAS
DE CARNE CRUA

no mundo do cadáver digital cujos tentáculos falsos
estrangulam a papoula

RECLAMO A GENGIVA DE URÂNIO DO ENFORCADO


Irradiarei as minhas corolas
co'mo venenos novos

SOU O FILHO DA PUTA DE UM POETA

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portugal na lua


Há devido a uma distração geral atávica poucos livros que inscrevam Portugal na Lua.

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2009-08-04

MS LOURENÇO VOANDO ENTRE AS ABELHAS


voltas ao lugar das abelhas
e do claro voo até à eira
onde ninguém mede os nadirs
inspiras-te inspirando apenas
o vento que te levou à fonte

mel? mel ainda não há
na sílaba liberta da voz
enquanto um peixe voa
pelo laranjal, entretanto o som
das folhas enche o céu

e tu numa redoma medieval
podes ver tudo: a precisão
dos gomos, a ascenção
do castelo rodeado de cabras
e a nuvem negra do inconhecimento

só depois nove sóis giram
cada uma na sua eclíptica
e Christos Pantocrator
vestiu-se de nevoeiro
e saltam os golfinhos plas aldeias

nada tem tanta importãncia
como uma sílaba bem conseguida
navalha toledana bem temperada
e aos uivos do minotauro
responde um espelho comovido

Agora por fim a música
do labirinto libertou-se
da professora grega
e perfauno perfumado
O anjo caído levantou o Zénite

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2009-08-03

IN MEMORIAM, il miglior fabro

Os poetas não morrem, evaporam-se.

Tive a sorte de conhecer o MS Lourenço antes da sua morte como Truta, e depois de ter emergido dessa fornalha de transformação. De modo que sei muito bem que no caixão que vai a cremar não vai nada. Ele tornou-se imperecível e agora andará onde quiser, bem recebido por Ovídio, Petronius Arbiter e a coorte singular dos Músicos de Vidro.

Pensador Oblíquo, ensinava o que fazer com o não pensamento nativo, a esquivar-se da capoeira de influências dogmáticas, e a redescobrir as fontes vivas da cultura clássica. Lógico, quis estabelecer "os limites da lógica." Ensinou claridade em tudo - o que lhe viria do seu gosto pela música e pela leitura em latim e grego dos filósofos da Antiguidade.

Tive o gosto de lhe apresentar o Mário Cesariny, com quem colaborou na feitura do livro "O Pássaro Paradípsico." Dessa apresentação veio a nascer o Bureau Surrealista de Lisboa.

São tantas as suas idionsincrasias, foi uma personalidade tão anómala na cena literária portuguesa que esta ainda não foi capaz de o absorver, nem sequer de o descobrir.

Dotado de uma curiosidade voraz - aquela que Ezra Pound, seu mestre, recomendava como qualidade essencial num ser humano, interessou-se por tudo como um Homem do Renascimento. Desde o Budismo da Escola Vajrayana, em que foi iniciado até Wittgenstein, de quem escreveu com a mesma contida inspiração que Sir Michael Dummett, seu professor em Oxford, desde S. Juan de la Cruz a Salomé, o seu interesse abarcou toda uma série díspar de personagens.

O título de um dos seus livros de poesia publicado pela Assírio e Alvim, a Arte Combinatória - aponta um dos métodos que este imenso espírito utilizou. No entanto, MS (era assim que os amigos o conheciam) escapa a definições, ele que sabia definir tão bem e que também ensinava a definir com toda a clareza.

A Portugal, que o ignorou nesciamente, não virou a outra face. Caústico, vitriólico, soube devolver farpas preciosas. Um homem de sentimento, que foi o menos sentimental dos portugueses apontou para a renovação da verdadeira aristocracia e da cultura clássica, em detrimento de qualquer utopia populista.

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