A CADEIRA ASTUTA
In memoriam Ezra Pound, miglior fabro
Na casa das palavras assustadas
ergue-se a Cadeira Astuta
é sábia e labirintica
tem nas patas Péricles e Píndaro
e se é preciso põe semáforos em Cícero
e desliza caravela latina
cheia de enganos gregos
em direcção ao país
dos falsos fenícios
aqui toda a gente tem a boca cheia de asfalto
e uma fala de cimento e alumínio
é onde o Setentrião se perde
e o Suão morde o rabo
aqui o inimigo global é interno
e tira cemitérios debaixo dos pés
enquanto as Sibilas rasgam palindromas
e a nova linguagem dos gigas
rasga as praias com mais plástico e elevadores
sem que alguém repare que
cada um de nós é uma manhã de névoas
sem rei sem futuro sem objectivo
poalha galáctica entre
ninhos de ratos
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