/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: APONTAMENTOS PARA A MINHA AUTOBIOGRAFIA CONCÂVA

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2007-09-09

APONTAMENTOS PARA A MINHA AUTOBIOGRAFIA CONCÂVA


É o sétimo dia seguido cinzento de setembro. com um calor a roçar pelo tropical. A erva rara parece suja, as árvores empoeiradas. O mundo parece um arrabalde de Bruxelas num conto depressivo-tónico do HH (Herberto Helder que se punha nu diante da sua depressão e atirava tremoços pela janela, isto em Bruxelas). (Isto não é verdade factual, mas o certo é que cada um tem o HH que reinventa ou que merece)
Vou pôr o meu fato às riscas de Inspector Maigret e escrever um policial. Dado que, como dizem os tablóides ingleses, temos polícias ineptos, a verdade é que os nossos crimes estão a melhorar de nível. Sobretudo são labírinticos, complexos. Vendo bem o caso de Maddie é digno de Ibsen e de alguma indústria existencial posterior.
(Também não é verdade porque desde o meio da era da Lei Seca que pendurei o meu fato às riscas num enorme Girassol, e lá o deixei, assim exposto ao vento e às aranhas Bechies, que tem uma caveira no dorso.)
Vendo bem o caso Maddie, como o nome indica é "mad", mas de um mad moderno. Eu acho que é anormal dar sedativos a seja quem fôr, mas dá-los a uma criança. Sete dias seguidos cinzentos em Portugal, em Setembro, quando a terra é ruiva nas terras de vinha, é profundamente anormal. Há neste momento, desnoticiado pelos media, um caso metereológico, um crime contra a ordem apolínea das estações. Deuses subalternos devem estar a gerir a roleta das estações. Não me parece que seja culpa do CO, do ozono ou da deriva dos pólos - mas sim das nossas mentes. São as nossas mentes, não as chaminés que estão a alterar o clima.
Saio para os campos (moro no campo) com um chapéu alto para captar vento do sul. Claro que fiz umas fendas no chapéu que era do meu avô, um chapéu protoclar (ele era diplomata). Saio, afino os ouvidos, que os tenho finos, capazes de detectar um prego a cair na outra banda, ou a ira escondida numa voz voluntariamente alegre, e não sinto nada de especial no vento.
Giro, depois, pelos campos como um párarraios. Morreu-me uma gatinha linda, de três cores, uma tartaruga, apenas com sete semanas. Eu já devia ter aprendido a pôr música no blog. Mas nem sei fazer o download de um video. talvez seja melhor assim. Os gatos cheios de beleza são como os poetas, não morrem, evaporam-se. Há coisas que as palavras dizem muito melhor do que a música.
No alto de um pinheiro encontrei o Jean Cocteau que não via há muitos séculos. Ele perguntou-me: Então o meu caro amigo agora anda feito pararraios?
- É assim mesmo caro Jean, decidi durante uns tempos captar alta voltagem das tempestades - das que mais me interessam, as tempestades humanas.
- Ça c'est encore plus dangereux - diz-me o maître antes de abrir o bico e sorver o néctar das amoras, e bater as asas. (Jean Cocteau agora é um pássaro anónimo, assim se evaporam os raros mestres: em puro anonimato, classicismo final, etc.)
E eu enquanto recebo hipervolts emocionais estranhíssimos das tempestades humanas do meu país, delicio-me a comer amoras. Coisa estranha, Sinbad o meu cão adiora amoras, come-as com muito cuidado. Nem um só pico das silvas se lhe crava no focinho carinhoso como uma luva de mulher fatal.