AS HISTÓRIAS DE PORKÊRA NA CHINA
Porkêra estava na China. A avó dele nunca tinha ido à China. A mãe dele nunca fora à China. O seu pai também. No fundo, no seu país, excepto cinquenta missionários jesuítas que foram comidos, ninguém tinha ido à China. O que fazia ele na China? Fazia pouco. Um caucasiano ocidental de pés grandes não tem muito que fazer na China.
Também acontece que Porkêra tinha um nariz enorme, sobretudo na China. Era dez vezes o nariz de cada chinês. Ele metia medo, antes que o vissem viam-lhe o nariz. Aliás, dele, em toda a China só lhe viam o nariz. Foi assim que ele escreveu no seu Diário de um Alentejano na China: Na China só me viram o nariz. Na China fui só nariz. Na China só falavam do meu nariz. Por onde quer que eu fosse, quem ia na realidade era o meu nariz. Eu não existia, não fui visto na China. Mas o meu nariz foi. Por isso gostava de deixar por legado à China o meu nariz.
Uma vez em Sin Quieng, uma aldeia de cores chinesas, estava eu junto do lago . sobre o qual pairava um nevoeiro chinês e miúdos esfarrapados corriam com pequenos pés descalços e chineses à sua roda. A páginas tantas, como me aborrecia na China, naquele dia na China, começei a tirar macacos do nariz. Estava muito entretido a tirar macacos na China, junto daquele lago chinês, quando apareceram vários chineses admirados. Diziam Kung Kung Kung e apontavam para o meu nariz.
Depois de algum esforço mental, o que é esquisito em mim porque eu não tenho mente nenhuma, consegui perceber que queriam que eu tirasse mais um macaco do nariz. Eu já tinha escarafunchado o nariz em todas as direcções. Tirara dez macacos da venta direita, e outros tantos da esquerda. Até disse cá para mim, caraças Porkêra como tu és simétrico aqui na China! De facto, era verdade. Eu era muito simétrico. Nunca dizia naliz, dizia naliz naliz. Por toda a parte os chineses também eram muito simétricos. Olhavam para mim,diziam King Kung Kung, e eu percebia naliz-naliz. E agora junto daquele lago chinês queriam que eu tirasse outro macaco. Escarafunchei durante cinco minutos.Todos estavam presos ao meu dedo. Por fim todos gritaram de alívio: tinha tirado um macaco horrível. Parecia a cabeça de um dos nossos ministros. Falava em chinês e não se percebia. Fez logo um discurso sobre bactérias na comida. Os chineses abriram a boca de espanto, e o macaco aproveitou para lhes cagar na língua.
Também acontece que Porkêra tinha um nariz enorme, sobretudo na China. Era dez vezes o nariz de cada chinês. Ele metia medo, antes que o vissem viam-lhe o nariz. Aliás, dele, em toda a China só lhe viam o nariz. Foi assim que ele escreveu no seu Diário de um Alentejano na China: Na China só me viram o nariz. Na China fui só nariz. Na China só falavam do meu nariz. Por onde quer que eu fosse, quem ia na realidade era o meu nariz. Eu não existia, não fui visto na China. Mas o meu nariz foi. Por isso gostava de deixar por legado à China o meu nariz.
Uma vez em Sin Quieng, uma aldeia de cores chinesas, estava eu junto do lago . sobre o qual pairava um nevoeiro chinês e miúdos esfarrapados corriam com pequenos pés descalços e chineses à sua roda. A páginas tantas, como me aborrecia na China, naquele dia na China, começei a tirar macacos do nariz. Estava muito entretido a tirar macacos na China, junto daquele lago chinês, quando apareceram vários chineses admirados. Diziam Kung Kung Kung e apontavam para o meu nariz.
Depois de algum esforço mental, o que é esquisito em mim porque eu não tenho mente nenhuma, consegui perceber que queriam que eu tirasse mais um macaco do nariz. Eu já tinha escarafunchado o nariz em todas as direcções. Tirara dez macacos da venta direita, e outros tantos da esquerda. Até disse cá para mim, caraças Porkêra como tu és simétrico aqui na China! De facto, era verdade. Eu era muito simétrico. Nunca dizia naliz, dizia naliz naliz. Por toda a parte os chineses também eram muito simétricos. Olhavam para mim,diziam King Kung Kung, e eu percebia naliz-naliz. E agora junto daquele lago chinês queriam que eu tirasse outro macaco. Escarafunchei durante cinco minutos.Todos estavam presos ao meu dedo. Por fim todos gritaram de alívio: tinha tirado um macaco horrível. Parecia a cabeça de um dos nossos ministros. Falava em chinês e não se percebia. Fez logo um discurso sobre bactérias na comida. Os chineses abriram a boca de espanto, e o macaco aproveitou para lhes cagar na língua.
2 Comments:
Grande Drummond!
Pois eu vim da China, fui à procura de uma esposa pequenina porque nos dias que correm um homem não pode ambicionar ter uma moça grande, porque comigo ainda é à antiga, tens mulher tens de ter meios para a mimar. Adorei este seu texto, tem muita piada, não percebo porque não é você mais badalado literariamente.
Voltarei em breve mais a moça.
Ramiro Ó
Caro Ramiro Ó,
O meu amigo tem o espírito prático dos chineses, e o sentido histórico dos alentejanos - há que ter meios de mimar, não haja dúvidas.
Agradeço a sua visita e os seus comentários. Talvez este blog, ou parte dele, venha a ser editado.
Tem sido uma experiência muito interessante. Ainda não estou certo se aprendi a escrever para um blog. Vou tentando.
Quanto a ser mais badalado, eu teria que ser pivot de uma estação de TV. Aí pode-se escrever não importa o quê, que o badalo funciona, e as tiragens alcançam números astronómicos com sucessivas edições.
Haja saúde! E volte sempre,
Um abraço,
Miguel
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