CRÓNICAS DO NOZ MOSCADA
Em Lisboa há moscas. São espertas, passeiam-se como dandies arriscando a vida com um rosto impassível perto dos matamoscas azuis dos talhos e, param, áticas como sophias aladas diante do mediterrâneo, coçando o abdómen como abades de pança farta.
Entretanto, as usual, comem tudo. Gordura de telemóvel, gordura digital. Pousam no altar, cagam no cálice, voam sobre a sobrepeliz. Voltam a pousar sobre a careca nascente do yuppie e do nariz soviético, em estilo trompa, do PM. São teconológicas, deixam caganita no ecrã do monitor, e zunem à roda do micro-ondas e do paypal. Pousam no ecrã plasma. Como boas e eternas provincianas aderiram com uma rapidez fascinante ao mundo moderno. Não são as pessoas que tem moscas em casa, são as moscas que tem pessoas em casa, porque as pessoas uhmanas são do mais divertido que há para as moscas. Há humanários em que são criadas pessoas uhmanas de três tipos: os iguaizinhos, os igualões e os igualóides.
As moscas, segundo telegramas recentes recebidos aqui na minha Gruta, estão na Ópera. Por exemplo, na recentemente e apoteótica Ópera Das Marchen, um primor serial dos anos sessenta que agora chega embrulhado numa cenografia quite expensive para o país mais poliglota da Europa viam-se algumas. O serialismo musical com efeito favorece séries, todo o tipo de séries, ou não fosse uma coisa muito séria, como diria La Palice, o mais simpático cronista eternamente luso. Emmanuel Nunes, o criador da Ópera das Marchen (que parece ter sido escrita pela Fátima Lopes depois de dose dupla de ritalin e fosforo ferrero), devia ter um prémio por ter a cara mais chupada e neurótica do planeta. Mas, falso alarme, não tem cara chupada nem neurótica coisa alguma. Trata-se de um compositor mosquito, embora componha para moscas sobretudo. Inventou o zunifórmio, que descodifica algoritmos musicais e os transpõe em cifrões. É estimadíssimo pela Fundação Calouste Mata-Ballets & Mata-Artes e pelos comendadores em geral, porque é um Comendador. Todas as moscas da cultura zunem em uníssono assim que o seu Três Vezes Bendito Nome(e abolsado, pois é o homem-mosquito que mais bolsas papou nesta simpática e ditatorial republiqueta turistiqueira) é pronunciado. Realizou o sonho português - não viver cá e receber lata e gorda a massaroca de cá, da Fundácia Gulbenkona, de quem é a mosca favorita.
Mas em relação à sociologia e embriologia de ponta das moscas eu tenho uma impressão kafkiana ao avesso. Não são as pessoas que se estão a transformar em moscas, são as moscas que se estão a transformar em pessoas. Valha a verdade não se dará muito pela diferença. Talvez haja migrações mórficas nos dois sentidos. Mais material para romances do Sr. Tavares. Imagine-se um diálogo do próximo livro premiado O SENHOR MOSCA
- Morfas para cima ou para baixo?
- Consoante.
- Quer dizer que se morfares para cima ficas mosca?
- Fico mosca é se não conseguir morfar.
Entretanto, as usual, comem tudo. Gordura de telemóvel, gordura digital. Pousam no altar, cagam no cálice, voam sobre a sobrepeliz. Voltam a pousar sobre a careca nascente do yuppie e do nariz soviético, em estilo trompa, do PM. São teconológicas, deixam caganita no ecrã do monitor, e zunem à roda do micro-ondas e do paypal. Pousam no ecrã plasma. Como boas e eternas provincianas aderiram com uma rapidez fascinante ao mundo moderno. Não são as pessoas que tem moscas em casa, são as moscas que tem pessoas em casa, porque as pessoas uhmanas são do mais divertido que há para as moscas. Há humanários em que são criadas pessoas uhmanas de três tipos: os iguaizinhos, os igualões e os igualóides.
As moscas, segundo telegramas recentes recebidos aqui na minha Gruta, estão na Ópera. Por exemplo, na recentemente e apoteótica Ópera Das Marchen, um primor serial dos anos sessenta que agora chega embrulhado numa cenografia quite expensive para o país mais poliglota da Europa viam-se algumas. O serialismo musical com efeito favorece séries, todo o tipo de séries, ou não fosse uma coisa muito séria, como diria La Palice, o mais simpático cronista eternamente luso. Emmanuel Nunes, o criador da Ópera das Marchen (que parece ter sido escrita pela Fátima Lopes depois de dose dupla de ritalin e fosforo ferrero), devia ter um prémio por ter a cara mais chupada e neurótica do planeta. Mas, falso alarme, não tem cara chupada nem neurótica coisa alguma. Trata-se de um compositor mosquito, embora componha para moscas sobretudo. Inventou o zunifórmio, que descodifica algoritmos musicais e os transpõe em cifrões. É estimadíssimo pela Fundação Calouste Mata-Ballets & Mata-Artes e pelos comendadores em geral, porque é um Comendador. Todas as moscas da cultura zunem em uníssono assim que o seu Três Vezes Bendito Nome(e abolsado, pois é o homem-mosquito que mais bolsas papou nesta simpática e ditatorial republiqueta turistiqueira) é pronunciado. Realizou o sonho português - não viver cá e receber lata e gorda a massaroca de cá, da Fundácia Gulbenkona, de quem é a mosca favorita.
Mas em relação à sociologia e embriologia de ponta das moscas eu tenho uma impressão kafkiana ao avesso. Não são as pessoas que se estão a transformar em moscas, são as moscas que se estão a transformar em pessoas. Valha a verdade não se dará muito pela diferença. Talvez haja migrações mórficas nos dois sentidos. Mais material para romances do Sr. Tavares. Imagine-se um diálogo do próximo livro premiado O SENHOR MOSCA
- Morfas para cima ou para baixo?
- Consoante.
- Quer dizer que se morfares para cima ficas mosca?
- Fico mosca é se não conseguir morfar.
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