A PERFECT WAY OF LIFE
se eu pinasse uma bolsa literária
mesmo uma pequena bolsa tipo reforma
juntava-me ao clube dos bolseiros
fazia sites specifics na Alemanha, em Berlim, longe do Muro
e ia tomar o pequeno almoço a Bucareste
onde nada do que digo ou de que faço presta
se eu pinasse uma bolsa como a do Nunes
tinha duas mulherzitas em Varsóvia onde os bares são tantos
uma azul para me escrever as Óperas Clássicas
outra verde para me inspirar as Seriais
e ia tomar um irish coffee a um boulevard de Serajevo ou Zagrevo
onde os músicos nunca deixam de estar bêbedos
e a Torre de Pisa aparece decotada
se eu pinasse uma bolsa como escreveria!
escreveria a vapor como o Scott Fitzgerald
escreveria electrostático e com um coração arrancado como o Boris Vian
e iria provar caviar do escuro em Leningrado
onde as dançarinas nunca param de dançar mesmo
depois de entrarem no túmulo T zero que o Estado Rachado mesmo assim lhes dá
se eu pinasse uma bolsa comprava calçado decente
em vez destas patas de texugo seria um Alquimista do verbo
tomaria vermute pelo monóculo
dir-te-ia Daisy façamos a Valsa do Desengenheiro
e a TS Eliot que chorava muito pela próstata
iríamos despenhá-lo no Alucinómetro
só por uma questão de métrica
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