TRADUÇÃO LIBÉRRIMA, DEPOIS DE TER COMIDO O LIVRO, DE UM POEMA DE RIMBAUD
em suma: gosto dos reis que abdicam, dos príncipes renegados, dos niilistas elegantes que se atiram para a página branca, e deixam estateladas vinte e cinco sílabas fumegantes de sangue vestido de vazio
e no país dos homenzinhos de sucesso - sempre a pança e a piscina! - acho que gosto de ver o mendigo e a lebre, a recusar o pão dos semáforos . mas prefiro ver o rafeiro de monóculo a envenenar discretamente as urbanizações catitas.
tem mais estilo o nevoeiro, e o homem que premedita nova ferrugem para as pontes do país dos almirantes albinos. Viver por não viver, antes o bairro de lata que o condómino. O tinto francês que sabe a chiottes não me parece famozo, e o escritor choroso, tem ranho na próstata. E tu que citas Baudelaire no metro, em voz bastante alta, não sei se esse esforço gera novas metáforas incivis, mas tem certamente muita pétala negra exaltante.
E se durante dez anos fui perseguido por tias simétricas - republicanas e monárquicas - hoje felizmente sei atirar com as chinelas para detro do pacote de leite. Sou perfeitamente indiferente ao pacote de leite, ao ópio branco, à cornamusa dos antigos valores lusos. Os lusitanos meus avôs, eram bedungosos, untavam-se com gordura de urso. Que grandes pândegas bebendo o sumo de mirtilo fermentado se faziam à sombra dos penhascos, deixando cair bocados de veado pela boca bêbeda.
mas há sempre um civilizador a postos, um homem com regras, outro com fitas métricas. Os triângulos maníacos do progresso interrompem sempre cada prazer primitivo. Não tereis mais prazeres primitivos estais condenados ao imaculado dos parazeres modernos, todos auferidos e contabilizados!
É assim triste a Ibéria desde o avanço dos monocórnios do catolicismo e do seu severo irmão luterano. Mas eu evadi-me de tudo isto, com uma alma de danado eterna. Tanto pior para as viúvas de Cristo e os sultões medidos a petróleo. As bandeiras são feitas de carvão e caca.
em suma: gosto dos reis que abdicam, dos príncipes renegados, dos niilistas elegantes que se atiram para a página branca, e deixam estateladas vinte e cinco sílabas fumegantes de sangue vestido de vazio
e no país dos homenzinhos de sucesso - sempre a pança e a piscina! - acho que gosto de ver o mendigo e a lebre, a recusar o pão dos semáforos . mas prefiro ver o rafeiro de monóculo a envenenar discretamente as urbanizações catitas.
tem mais estilo o nevoeiro, e o homem que premedita nova ferrugem para as pontes do país dos almirantes albinos. Viver por não viver, antes o bairro de lata que o condómino. O tinto francês que sabe a chiottes não me parece famozo, e o escritor choroso, tem ranho na próstata. E tu que citas Baudelaire no metro, em voz bastante alta, não sei se esse esforço gera novas metáforas incivis, mas tem certamente muita pétala negra exaltante.
E se durante dez anos fui perseguido por tias simétricas - republicanas e monárquicas - hoje felizmente sei atirar com as chinelas para detro do pacote de leite. Sou perfeitamente indiferente ao pacote de leite, ao ópio branco, à cornamusa dos antigos valores lusos. Os lusitanos meus avôs, eram bedungosos, untavam-se com gordura de urso. Que grandes pândegas bebendo o sumo de mirtilo fermentado se faziam à sombra dos penhascos, deixando cair bocados de veado pela boca bêbeda.
mas há sempre um civilizador a postos, um homem com regras, outro com fitas métricas. Os triângulos maníacos do progresso interrompem sempre cada prazer primitivo. Não tereis mais prazeres primitivos estais condenados ao imaculado dos parazeres modernos, todos auferidos e contabilizados!
É assim triste a Ibéria desde o avanço dos monocórnios do catolicismo e do seu severo irmão luterano. Mas eu evadi-me de tudo isto, com uma alma de danado eterna. Tanto pior para as viúvas de Cristo e os sultões medidos a petróleo. As bandeiras são feitas de carvão e caca.
2 Comments:
Desculpe mas isso de ser bom viver no Bairro de Lata, e peço desculpa se estou a ser literal e não percebo a metáfora, é mesmo de quem nunca lá viveu. Deus o livre Drummond! Você não sabe o drama humano que é viver no meio do horrível, famílias inteiras numa cama, os mais velhos a "comerem" as pequenas, os gritos, a porrada, nenhuma mesa para escrever, nenhum livro, nenhuma flor, os animais tratados à pedrada, etc, etc
Não quero dizer que nos condomínios fechados não se passem coisas tenebrosas. Mas digo-lhe, nem num lado nem no outro. Viver bem dá alegria, ou se quiser reforça-a.
E os poetas a meu ver deviam viver bem e a gente devia ouvi-los e lê-los um pouco mais do que esta sociedade nos mostra. Já dei para o peditório dos lider de opinião mediáticos, quero conhecer os notáveis deste País. Quem são?
Claro que não é bom, mesmo nada bom viver num Bairro de Lata. Mas as opiniões do poema são as que eu atribuo ao Arthur Rimbaud, não as minhas.
Mas eu já vi flores em Bariios de Lata, papoulas a crescer em telhados de zinco, e por estranho que pareça também lá vi crianças a brincar mais felizes que as que tem um boné de pála e bibe e marcham nas filas de insecto dos infantários, escoltadas por educadoras sargentos em estado de autómato, vindas dos condóminos.
Os poetas vivem sempre bem, deixe estar. I never saw a thing of beuaty which was not mine. O mundo pertence-lhes por inteiro porque nada é deles. Esta sociedade aliada a Platão como sempre expulsa-os ou tenta situá-los em ghettos. Eles aparecem semprer que há alguém que os queira ouvir. A sociedade dos poetas osmóticos nunca se demite.
O poeta deve tornar-se mago, e evaporar-se sempre que queira. Mas notável nunca será, a menos por puro exercício abjeccionista. De resto nunca se deve confiar em ninguém com um prémio literário no coldre.
Um abraço,
Miguel
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