A CIDADE LEITOSA DOS CONSUMOCÉFALOS
Voltei ontem de Lisboa e vi imensos homens de fato escuro, a ponta do ice-berg dos conformistas, e dezenas de seguranças. Nas ruas, gente apressada de olhar ausente - o país xanax; tranquilizado mas não tranquilo, apressado e ausente.
Havia bilhetes novos para o metro, tipo cartão de crédito. Doravante no mundo das máquinas, que se contamina a si mesmo, serão elas a deixar passar ou a barrar caminho. Quem não pensar em erguer uma bandeira negra com duas tíbias cruzadas diante de uma máquina destas, cuspir nas mãos e procurar um varapu para lhes enfiar um porradão, é um conformista insuflável, um urbanita descartável - são centenas de milhares deles, em Lisboa. Ser controlado por máquinas! O Triunfo do Maquinismo, ou seja o espírito-formiga total.
Estive no neonizado Corte Inglés. De fora parece um porta aviões velho, quase afundado. Dentro tem uma luz leitosa, uniforme, pasteurizada e o ar de lojas de terminal de aeroporto, entre o laboratorial e o cabeleireiro.
Quem gosta de fazer compras naquela oficina de processos geométricos monótonos, sai de lá como entrou: massa informe, consumocéfalo insuflável.
As ruas diante desse Cort Inglés são armadilhas para apanhar peões e tirar-lhes veleidades de que as pernas são umas coisas para andar, entre outras coisas. Também reparei que as pernas dos cidadãos estão más: hirtas, em estado de atrofia, pilares de volumetrias abdominais que são parte das estacas das novas cidades-máquina.
Reses e gebos, máquinas para formatar o cidadão formiga - o que tem a superstição da fila, da bicha, e que julga que as linhas rectas são a ordem e a razão.
Havia bilhetes novos para o metro, tipo cartão de crédito. Doravante no mundo das máquinas, que se contamina a si mesmo, serão elas a deixar passar ou a barrar caminho. Quem não pensar em erguer uma bandeira negra com duas tíbias cruzadas diante de uma máquina destas, cuspir nas mãos e procurar um varapu para lhes enfiar um porradão, é um conformista insuflável, um urbanita descartável - são centenas de milhares deles, em Lisboa. Ser controlado por máquinas! O Triunfo do Maquinismo, ou seja o espírito-formiga total.
Estive no neonizado Corte Inglés. De fora parece um porta aviões velho, quase afundado. Dentro tem uma luz leitosa, uniforme, pasteurizada e o ar de lojas de terminal de aeroporto, entre o laboratorial e o cabeleireiro.
Quem gosta de fazer compras naquela oficina de processos geométricos monótonos, sai de lá como entrou: massa informe, consumocéfalo insuflável.
As ruas diante desse Cort Inglés são armadilhas para apanhar peões e tirar-lhes veleidades de que as pernas são umas coisas para andar, entre outras coisas. Também reparei que as pernas dos cidadãos estão más: hirtas, em estado de atrofia, pilares de volumetrias abdominais que são parte das estacas das novas cidades-máquina.
Reses e gebos, máquinas para formatar o cidadão formiga - o que tem a superstição da fila, da bicha, e que julga que as linhas rectas são a ordem e a razão.
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