BLASFEMAR EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
A capacidade dos portugueses em ouvir novas ideias é bastante limitada. Uma só ideia intranquiliza-os, duas faz-lhes subir o desconfiadómetro a alturas formidáveis, três é considerado um insulto à integridade moral, quatro fazem uma careta que chama a polícia e os outros fantasmas enquanto fingem que cruzam a ponte com as mãos apertadas nos temporais como o grito de Munch.
Sendo assim tão más as coisas, dá-se o caso curioso de que, às vezes, ao articular uma ou duas ideias enunciadas em português corrente e camoniano (enfim, tenho clara dicção e ouvido) ao ver a cara do meu ouvinte sinto que estou a blasfemar em língua estrangeira.
2 Comments:
Só agora reparei que respondeu à minha provocação sobre o cinema português.
Achei divertidíssima a história do papel de lord inglês.
Eu, por acaso, já tive um minúsculo papel num filme. Fiz, imagine, de Heinrich von Kleist (na altura era magro, havia alguma semelhança física) e só tinha de declamar uma litania amorosa sentado numa retrete... Enfim, adoro actores desde que eu não seja um deles.
Para além disso, realizei duas curtas que espero que já se tenham afundado no Letes para sempre.
Aconselho-o a ver os filmes de José Álvaro Morais. O mais aclamado é "O bobo", mas eu sou mais seduzido pelo "Quaresma" (o homem estava a tornar-se o grande ficcionista do cinema luso).
Abraço.
E eu conheci o Zé Álvaro, que me apresentou à Beatriz Batarda... o mundo é mesmo pequeno.
E aqui continuo em Lord :))) reknighted por Sir John Caesar Mountain - in illo tempore.
Tem muita piada ter sido Heinrich Von Kleist. Não podia ser mais romântico.
Também já fiz um papel de Dr. Fausto, num filme da Margarida Gil
e outros para os quais de facto será boa ideia chamar o Letes...
Um abraço,
Miguel
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