MADONA DEL GRAND DUCA
Esta Madona de Rafael é totalmente substancial: tem carne, respira, segura a nudez sem vergonha, tem a natureza calma de um bodhisattva. Ao contrário das vestes brancas e etéreas, veste do vermelho do Leão alquímico e tem o manto verde da Deusa da natureza. A aura de ouro emana da pele, como nos que atingiram a ignição da "candali". Tal como no ideal Zen de atingir a unidade do corpo, da mente e do espírito, aqui o corpo foi espiritualizado, o espírito foi corporizado. A atmosfera de calma energia e de luz clara do Vazio aqui combinam-se e sugerem os valores de um arquétipo fulcral na tradição hermética do Ocidente: o da Presença Regeneradora. O fundo escuro do quadro realça a fusão do Ouro do conhecimento com a "treva luminosa" e a redenção das forças obscuras da alma, agora alquimizadas : o dragão cativado e transmutado.
2 Comments:
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Obrigado Pedro. Tenho estado a rever um pouco os pintores da pré-renascença - que não pintavam com acrílico nem sobretudo pensavam em acrílico. Como é que conseguiram imprimir tanta energia e conhecimento nos seus quadros?
Como ando - devido às minhas práticas de Yoga, Tai-Chi e Aikido, com a Kundalini em obras ou "in progress" e sendo esta um tipo de enregia descrita como feminina pensei correlativamente ir escrevendo sobre uma série de Madonas mais inspiradoras, que a meu ver a simbolizam, começando na Renascença e vindo até aos nossos dias ou quase. A materna energia de quem falava Herberto Helder (as mães), e antes dele Goethe (o eterno feminino claramente toda a nossa tradição hermética.
Também penso que as narrativas alquímicas não foram ainda ultrapassadas, embora seja sempre possível levá-las a um outro "albedo" se a tanto ajudar o engenho e a arte. Curiosamente embora não estivessem directamewnte implicados na alquimia do seu tempo pinuras de alguém como Rafael porventura dão melhores exemplos do processo alquímico do que as próprias imagens fornecidas pelos alquimistas "eux-mêmes"
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