O ARRANCA-LÁGRIMAS
Seduzidos com as suas próprias lágrimas os imperadores erguem-lhes templos, sonetos, ideologias, países, mães encarquilhadas e faustosas. De voz embargada vão de joelhos até às suas próprias lágrimas, bafejam-nas. Puxam-lhe lustro e vendem-nas às revistas populares sempre sequiosas do "choro dos grandes".
Olha o Grande Pafúncio, eterno nobelizável, verteu uma lágrima de donzel, é como nós, ainda tem emoções virgens. Ergue estátuas ao canto do olho. O vazadouro orbicular mantem-no na semi-oblíqua, choremos, pois com ele.
E assim temos papas chorosos à varanda, comendadores trémulos, homens de letras emocionados e comovidos, o grão-mestre do verde vergado pela lagrimita. E sem dúvida existe sempre com taxa de juro a subir, um bordel de lágrimas virgens sempre pronto a abrir as portas no peito de um cronista que por acaso também é poeta e romancista.
Mas tu - grande lágrima fétida do meu mau querer - és huna, não tens unidade- lá nas raizes venenosas dos teus cascos ainda desobedeces nas lágrimas sentidas e bem nascidas, que vão direitas à bandeiras e às colunas, aos homens-coluna e às matronas, e às vigérias e vigilantes dos templos da pútria, digo da pátria.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home