UM PAÍS DE BANDA DESENHADA
Portugal tem uma qualidade: nunca falta matéria-prima para um espírito satírico. Neste momento emergiu um pacóvio supremo, Comendador ainda por cima, que nem de encomenda, falando num português quaternário, de emigrante já muitíssimo afastado dos cuidados com a língua, e incapaz de onde quer que passe de não deixar cair o verbo e baba da sua abalizada opinião.
A sua remediada colecção de arte moderna (coleccionada para ele por um homem com apelido de frade, Capelo), albergada na jóia do cavaquismo, o CCB (cujas interessantes exposições de arte pararam para albergar a Colecção Berardo), de repente faz com que o PM toque as trombetas de Triunfo e anuncie que "Portugal está mais rico e Lisboa mais competitiva".
Nem mais. A Arte agradece. A Arte competitiva... torce-te Schiller no teu túmulo! Grande tirada, digna de uma daquelas Óperas Bufas, italianas, de fusão. Veja-se, para Ópera: tem Comendador, Frade, mete Robertos (o PM entre ele), uma Ministra de calças vermelhas, à toa, imensas Bandeiras de Discórdia, um Director Demissionário, de apelido greco-italiano que o Comendador confunde com um Fidalgo ...e 28 mil figurantes (tantos quantos visitaram a novel colecção avaliada pela Christie).
Depois do intelectual "des-empenhado" (o Mega) se ter providencialmente demitido (a Ministra cedeu aos Imperativos do Poderoso Berardo e mandou ao Mega erguer os estandartes que o Berardo reclamava) resta esperar que agora, chegado à razão, a nova direcção do CCB premeie o Comendador com a bandeira por este tão ansiada: Em fundo branco dois casacos negros Armani, versão Fátima Lopes, cruzados, recheados de diamante e, ao centro, uma garrafa de vinho com cápsula de alumínio, desenhada pelo espectro do Andy Warhol.
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