"All that is popular is wrong"
Oscar Wilde
Decorre a banalidade mais temível de Portugal: o Verão. As autoestradas vomitam hordas de veraneantes nas praias. Uma seita chamada "motards" sob o aplauso das autoridades e a benção da Sagres tem o seu convénio mensal ao Sul e enfrasca-se com cerveja ao som de Metálica. A TV com carinho e benevolência apadrinha timidamente o evento, e dá-nos imagens de motards de terceira idade em "conbebência" proletária, de garrafa de Sagres na mão, com outros doutras idades. Adivinha-se um perfil físico dos motards - além dos inevitáveis fardamentos de coiros e tatuagens, cabelos sujos - elas e eles são gordos. Pudera, não andam a pé. Desfilam pelas ruas de Faro. A multidão eterna ingénua gosta. "Eu cá gosto de motas" diz uma sexagenária desvanecida.
Os ingleses entretanto também chegam em hordas, ansiosos por cerveja barata. e facultada a qualquer hora. Um Baco, degradado, popularucho reina um pouco por todo o lado. A evasiva e laxa moral das férias dá para uns engates. Aliás o serial-engate, no Verão é de rigor. Depois esquece-se. Comamo-nos uns aos outros sob estes céus clementes do Sul. Somos receptivos, promíscuos, tolerantes. Os portugueses, por imitação passarão a dar o cu e mais uns euros se esses forem os ventos da moda. Por moda, só para ser como os outros, faremos tudo. Quanto mais imitamos, mais somos - tal é o paradoxo de base da actual nacionalidade lusitana.
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