O MANTRA DE OBAMA
Obama é mais um preto meio branco do que um branco meio preto, e assim é que está certo. O homem representa o esforço de branqueamento dos pretos, que assim se vêem livres da indesejada cor retinta. Representa pois um tipo global, softcore, de raça atenuada, sem as características evidentes. É um preto descafeínado, não mete medo às criancinhas, pode vestir a roupa da Zara e ser um modelo transversal. No fundo é um prototipo inventado pelos portugueses que como é sabido, depois de ter inventado as 4 raças, inventaram o mestiço.
Só que há mestiços apretalhados, e o esperto e estratégico genoma de Obama apresentou o mestiço abrancalhado (palavra que o racista dicionário nosso não apresenta, diga-se de passagem). Depois num país maioritariamente de gordos como é a América - e como se está a transformar Portugal - Obama sem ser apolíneo, tem o corpo ideal da era - o de David Bowie, o do andrógino teenager e transversal. Outra escolha tática acertada do seu genoma que em termos de imagem conseguiu concentrar num só corpo parte substancial das aspirações da era: o homem de aspecto global, enxuto de carnes como um rock star, com glamour longínquo de negro e aspecto exótico de branco. Ou melhor dito, de quem vai a caminho da brancura. Perfeito, mais perfeito não há.
Acresce a isso o sucesso iniludível do seu mantra: Yes We Can! repetido em êxtase pelas suas groupies e cheer leaders e a inevitável juventude sem a qual a cultura coca-cola não consagra os seus ídolos- Mantra simples, que não exige prodigioso esforço de memória para reter, está de facto ao alcance de um oligrofénico. Com a sua curteza, formato minimalista, é um mantra que se inscreve com toda a facilidade naqueles que fazem parte da religião da TV, a que formata boa parte das mentes deste século de manadas electrónicas, comandadas digitalmente. Pense-se, por exemplo, em num dos mantras que aparecem na nossa inesquecível TV desde a publicidade dos shampos aos carros: Porque eu mereço. Com variantes "porque tu mereces". Ainda que seja mais do que discutível o merecimento: na superstição democrática dominante e vigente, todos merecem tudo, sem distinção.
Outro mantra publicitário paralelo ao "tu mereces" é o que consagra o hedonismo também dominante. Trata-se do famoso: "cuida de ti!" Podem-se imaginar conversações sms entre os estes mantras:
Tu mereces
Cuida bem de ti
Yes we can.
Cuida bem de ti!
Tu mereces?
yes we can
Tu mereces!
Cuida bem de ti?
Yes we can!
E isto leva-nos à conclusão que numa era de mantras positivos (que propõem um voluntarismo compulsivo e de rigueur é outra história) Obama é o candidato sms ideal. Corresponde em pleno à religiosidade digital da era. Rima com telemóvel e estrelato para todos, tipo o teu triunfo é o meu triunfo, man. Porque tu mereces. Yes we can.
Imagem: o Nascimento de Obama
Só que há mestiços apretalhados, e o esperto e estratégico genoma de Obama apresentou o mestiço abrancalhado (palavra que o racista dicionário nosso não apresenta, diga-se de passagem). Depois num país maioritariamente de gordos como é a América - e como se está a transformar Portugal - Obama sem ser apolíneo, tem o corpo ideal da era - o de David Bowie, o do andrógino teenager e transversal. Outra escolha tática acertada do seu genoma que em termos de imagem conseguiu concentrar num só corpo parte substancial das aspirações da era: o homem de aspecto global, enxuto de carnes como um rock star, com glamour longínquo de negro e aspecto exótico de branco. Ou melhor dito, de quem vai a caminho da brancura. Perfeito, mais perfeito não há.
Acresce a isso o sucesso iniludível do seu mantra: Yes We Can! repetido em êxtase pelas suas groupies e cheer leaders e a inevitável juventude sem a qual a cultura coca-cola não consagra os seus ídolos- Mantra simples, que não exige prodigioso esforço de memória para reter, está de facto ao alcance de um oligrofénico. Com a sua curteza, formato minimalista, é um mantra que se inscreve com toda a facilidade naqueles que fazem parte da religião da TV, a que formata boa parte das mentes deste século de manadas electrónicas, comandadas digitalmente. Pense-se, por exemplo, em num dos mantras que aparecem na nossa inesquecível TV desde a publicidade dos shampos aos carros: Porque eu mereço. Com variantes "porque tu mereces". Ainda que seja mais do que discutível o merecimento: na superstição democrática dominante e vigente, todos merecem tudo, sem distinção.
Outro mantra publicitário paralelo ao "tu mereces" é o que consagra o hedonismo também dominante. Trata-se do famoso: "cuida de ti!" Podem-se imaginar conversações sms entre os estes mantras:
Tu mereces
Cuida bem de ti
Yes we can.
Cuida bem de ti!
Tu mereces?
yes we can
Tu mereces!
Cuida bem de ti?
Yes we can!
E isto leva-nos à conclusão que numa era de mantras positivos (que propõem um voluntarismo compulsivo e de rigueur é outra história) Obama é o candidato sms ideal. Corresponde em pleno à religiosidade digital da era. Rima com telemóvel e estrelato para todos, tipo o teu triunfo é o meu triunfo, man. Porque tu mereces. Yes we can.
Imagem: o Nascimento de Obama
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