podia estar a escrever-te do fim do mundo ou do fim do império ou do fim de um país. Mas não só escrevo sem finalidade como me sinto colectivamente só. as casas desabaram aos poucos, os cães fugiram aos uivos. As princesas martirizadas pelas luas mercenárias foram ter à praia. Esta estava podre. Podre. cheia de lobos marinhos mortos. Elas estenderam as mãos às vãs marés. Cada onda negra cheia de olhos ferozes. Os olhos de tudo o que deixámos de ver.
os índios parrikens desta vez vestidos de calças às listas estavam num lado da praia. Onde os seus mantos sumptuosos de peles? Na era das calças falsas para toda a gente, dos jeans anoréxicos e puritanos a praia cheirava ao podre dos produtos de higiene. Mais cães avançavam com os dentes recortados e afiados pelas falésias. Não vimos nada nestes anos todos? Não vimos a agonia da sombra dos carvalhos?
os cruéis semáforos da era da monotonia e dos controles de tudo estavam na praia também. A educada repressão. O polícia com sapatos de cetim.
Da série Biografias à Faca
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