O PRESIDENTE INEXISTENTE
Já vamos no terceiro ou quarto presidente inexistente, que dispõe de um antigo Palácio do antigo regime, com bastantes servidores e lacaios de primeira e de segunda, uns mais condecorados do que outros mas todos obsequiosos e solícitos.
Os presidentes são bastante heraclitianos, são como os rios, nem são os mesmos nem são diferentes. Podia dar-se o caso de ser um só, e estar a morfar (morphing) de sete em sete anos que não se dava por isso.
De vez em quando o presidente fala, mas aquilo não perdura. Não perdura porque não tem estilo, não fica na orelha, além de que foi pensado por um comité, escrito por dez mil sábios da presidência e no máximo é bon chic bon genre, e o bon chic morre logo na praia e o bon genre mal se empina nas patinhas desfalece, desmaia para dentro de uma água de rosas, escorrega para dentro das pregas da batina de alguma santa recolhida e anónima.
Por isso aura mediocritas quer queira quer não é o que um Presidente acaba por cultivar. Que tem que dizer, tem. Não importa o quê, desde que seja inócuo, ou tipo recado moralista.
Depois fazem-lhe o retrato a óleo, a acrílico, a carvão - há sempre um artista condecorado ou institucional pronto a sujar uma tela - e zás, lá fica pendurado no Palácio de Belém ao lado de outras presidenciais cataduras que nos fixam em banda larga, em ondas curtas, em sorriso contrafeito, em bigode afiado, mais em barba e bigode nos tipos da primeira república.
Para evitar gastos de maior eu proponho estes dois enforcados, simbolizando o nobre sacrificio de Suas Excelências em prol do povo, e o seu jeito mudo, eternizado.
Os presidentes são bastante heraclitianos, são como os rios, nem são os mesmos nem são diferentes. Podia dar-se o caso de ser um só, e estar a morfar (morphing) de sete em sete anos que não se dava por isso.
De vez em quando o presidente fala, mas aquilo não perdura. Não perdura porque não tem estilo, não fica na orelha, além de que foi pensado por um comité, escrito por dez mil sábios da presidência e no máximo é bon chic bon genre, e o bon chic morre logo na praia e o bon genre mal se empina nas patinhas desfalece, desmaia para dentro de uma água de rosas, escorrega para dentro das pregas da batina de alguma santa recolhida e anónima.
Por isso aura mediocritas quer queira quer não é o que um Presidente acaba por cultivar. Que tem que dizer, tem. Não importa o quê, desde que seja inócuo, ou tipo recado moralista.
Depois fazem-lhe o retrato a óleo, a acrílico, a carvão - há sempre um artista condecorado ou institucional pronto a sujar uma tela - e zás, lá fica pendurado no Palácio de Belém ao lado de outras presidenciais cataduras que nos fixam em banda larga, em ondas curtas, em sorriso contrafeito, em bigode afiado, mais em barba e bigode nos tipos da primeira república.
Para evitar gastos de maior eu proponho estes dois enforcados, simbolizando o nobre sacrificio de Suas Excelências em prol do povo, e o seu jeito mudo, eternizado.
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