/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2009-06

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2009-06-23

SESSENTA DONS SEBASTIÃES POR MINUTO


Bebo nevoeiro e afasto-me das estradas frequentes
nada como beber nevoeiro rodeado de nadas vivos
roubados aos versos mais vagos de dois ou três penedos carcomidos
e dizia eu que a minha alma é recente?
concebida com suco de tubarão e crimes de resina?
não era eu: era o vento e as suas altivas matilhas
o vento e as suas facas duras gravando no sangue dos montes
as histórias que nos procuravam como hienas felizes

mas enfim, redijamos com consequência, arte e rigor
que o verso livre nem para sapatilha
e a rima nestes dias de belo desastre da humanidade
só por eco e acidente se devia pôr na olheira
dizia eu da alma? do sopro? do vento vago que fica depois
de um poema colidir com uma estrela?
não eu não dizia nada era outra coisa uma voz
nem grega como os prazeres nem fenícia como as insónias
uma voz uma vaga soletrava-me os etruscos desdéns Oh como são belas

As estrelas assassinas! E lá iamos de roda dos limoeiros
com os nossos galgos evaporados, nós os antigos príncipes
da Pérsia - à caça das metáforas desdenhadas por Rumi e Said
enquanto no coração do tamanho de uma abelha
se despenhavam as constelações de Alá
Coisa boa no tempo da matilha realista!
provar o suco das roseiras do além e não disfarçar
nem a nudez nem a metafísica
e deixar passar o eléctrico com o seu chiado intimista
de quem viu ranger a alma em dias melhores

mas votando ao suco: bebo nevoeiro e voo no dia
sobrenaturalmente vago: que prazer que desejo
poderia lá deixar de ser alguma vez por inteiro meu?
mas nada destes prazeres fáceis dos dias hedonistas
com comunicação instantânea de estados de alma.
Tirem-me daqui a falta de alma, e a própria alma moderna
já disse que tenhio uma alma de lata de salmão e de ponte suspensa
entre os castelos e as cabanas? Bebo nevoeiro

e vejo os novos mapas que crescem nas ruínas do socialismo

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2009-06-19

MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA ÀS AUTO-ESTRADAS


Nasceu o MRAE - neste minuto. É magrote, entorta os olhos, sabe fazer figas. É o Movimento de Resistência às Auto-Estradas. Não tem ficha de inscrição. Não vai a votos. Não tem ainda www ponto com. Talvez não venha a ter.
Podem participar nele pessoas de todos os sexos, idades, raças, profissões. Para aderir basta não tomar a auto-estrada e seguir pela chamada estrada secundária ou mesmo a via rápida.

Proposta: mantenha a Perna Absolutamente AlterModerna. Ande o mais possível a pé!

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2009-06-17


vejo a minha cadela a rir
abocanhou "O Público"
e tirou-lhe um sapo do nariz
(mais do que eu,
que nem um macaco)

depois ela foge aos pinotes
por entre pinheiros e telemóveis
e eu que digo insultos baixotes
ao Sócrates e ao Pinho
digo "dantes a minha terra
era o meu barco"

e retiro-me vestido de De Sade
para os braços das roseiras
Mas que sei eu de pó?
que sei eu de Poe?
que sei eu de Poesia?
Nada, Braços, Barcos.

e a minha cadela ao longe
morde-me as ondas
fuinhas, fugidas,
sem lei nem recato
como quem nunca
quis fazer o Quatro

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2009-06-15

O ALTERMODERNISMO DO PÓS-ELEITORAL

Na falta de Porkêra, o nosso empregado rebelde, perdido (culpa de umas chinesas) ainda na província de Set Chouan (China) sondámos os três conselheiros Acácios do nosso blog: Acácio A, Acácio Bê e Acácio Cê pra nos darem a sua abarrigada (geralmente brutalista e radical) opinião sobre o pós-eleitoral lusitano.
Com riso sardoónico (ou freudo-minhoto?) Acácio A levantou um dedo em forma de falo e disse o pós-eleitoral? só se for na ramela. E afundou-se de novo num mutismo que ultimamente lhe tem dado foros de sábio, no seu café preferido, o seu mais que mignon, o "Autre Chose", ali à Lapa, onde há várias sumidades na clientela que dão ao café aquele singular ambiente de pasta de cérebro voadora.
Quanto a Acácio Bê encontrá-mo-lo no seu restaurante o "Deja Vu", a papar um goulash búlgaro feito por umas búlgaras de se lhes tirar o chapéu (às bulgaras e ao goulash). Ainda com o bigode e a barba (aparada, no estilo de pompa barbeira Luis Ah!mado- MNE) a pingar nata, Acácio Bê respondeu à pergunta deste modo enigmático (ou freudo- beirão?):

O genoma do povo português não está aparelhado para muito acto eleitoral. Tomba de fadiga depois de agarrar num boletim de voto, e prefere evitar fazê-lo durante vários anos seguidos.

Agradecemos a Sua Exa. a luminosa declaração! Assim, de nata inteligente, a pingar de modo estético na sua barba não só diplomada mas diplomática, deixamo-lo entregue a cogitar mais uma frase que bate todas as dos illuminati, e que sem dúvida cala fundo, ao dèvoiler com requinte os altos desígnios nacionais que os oráculos aindas não esclareceram.
Animados pelas estupendas declarações registadas fomos a um lugar extraordinário, no simpático Bairro da Estrela, onde num ginásio chamado "Loose Everything", deitado numa máquina de ginástica cárdio-torácica o conselheiro Acácio Cê, com os bofes de fora, e a barriga a saltitar, depois de ouvir e ponderar a nossa pergunta soltou uma chasquinante gargalhada, com belos perdigotos rectilíneos que amparámos numa caixa de Petri (a seu pedido, pois queria inquirir sobre o virus HHnn) e disse:

A prega do pós-eleitoral colmata um Duplo Vazio.

Arregalámos os olhos com tão bela frase, prometedora e barthesiana. Duplo Vazio! A prega do ! Ena. Saboreámos a frase, dizendo-a devagar, imaginando os espasmos no olhar do Alexandre Melro, o Krítico,ou o tilintar púdico das sobrancelhas hipermodernistas do Peixote, o Escribão-Mor dos Corações Desfibrilhados.
Mas foi o filho dilecto e amantíssimo de Guimarães Rosa, o Miah Couto, quem rematou a belísssima série de sínteses exemplares dos nossos admiráveis conselheiros:

O pós-Leitoral, meu amigo, é o estado de coma profundo paradoxal, porque ao mesmo tempo é funcional, do leitor de literatura portuguesa. Nunca se esqueça, amigo meu, que a política é um ramo - menor - mas ramo na mesma - da literatura!

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2009-06-04

UM POVO INEXISTENTE E OS CANDIDATOS SURPRESA


A campanha para as europeias foi um fiasco activo. Os candidatos convenceram-se que falavam para uma legião de palermas, e falaram. Os putativos eleitores julgaram que tinham pela frente um bando de palermas oportunistas, e tinham. As vozes mais ressentidas dos partidos falaram no estilo Empório Cacilhas, com muitas luzes e trapos baratos de uma retórica caudilhista.
Certamente a fatia da abstenção mais alta do que nunca será o seu merecido prémio.

Mas donde é que saiu este filme? Temos candidatos assim? não é só a imagem arquiprovinciana de uma elite de desgravatados (Moreira e Louçã) , de umas senhoras que se confundem com cortinados (Dona Ilda) ou com um transgender de cáqui (Dra. Estrela) ou uma sôtora saída das catacumbas de um cruzamento de jeovás com trotskistas (Carmelinda Pereira) ou a pletórica barrigota (Rangel) que arfa e arfa para entrar no carro.

Não é só essa imagem, é o som inane que sai dessa imagem. Podia-se definir numa só palavra: Gritaria, e zero de ideia, de proposta, de imaginação - de algo que fosse já nem digo exaltante, mas aceitável, com um toque mínimo de inesperado.

Somos esssa gente? O espelho é duro. E o pior é que, se calhar, somos. Uns eleitores fantasmas a votar em ectoplasmas.

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2009-06-01

ALQUIVELIA

pouco sabemos
dos barcos que nos atravessam
e dos grandes mares que somos
perdemos os mapas
e as cores
e por isso só restam correntes
de sílabas perdidas
ilhas sem sentido
e um vento oblíquo

uma vez queimada
a ave do paraíso
e apodrecidos
os madeiros da cruz
só as velas
se vão em nuvem
só a sombra
dos gritos fica

o imperador
do fundo do mar
cuja tinta cega
e cujo brilho ainda chama
no entanto
passa pela folhagem
dos dias trémulos
como um vinho antigo

e o anjo coroado
de pólen
rouba os pistilos
à Serpente
mas não sabemos
descer as colinas
em direcção às montanhas
falta em tudo
a alma
dos dias claros

talvez se um ouro
feito em vento
subisse a coluna
e abrisse as portas
da cabana dos pensamentos
voltasse a ave fértil
que cruza as ondas