RELENDO MALDOROR NA COSTA VICENTINA
Antes de o mar ter areias, quando os gatos eram longuíssimos
e subiam pelas escadas entre as estrelas, nada era mais suave
a uma alma dotada para os pressentimentos pessimistas
do que ver as escarpas, apenas fluxos de púrpura, das costas
de Portugal sem pensamentos. Espumas, aragens vadias, acasos
de azul e pelo vale acima tatuagens de oiro na penedia sucediam-se
entre o lento deslizar das imensas serpentes preguiçosas e morenas
repletas de anéis, sufocadas de luxúria, enroscando-se na maior
intimidade: a das distâncias dissidentes. Então o mar tinha um bramido
puro de deus sem culto, de deus insidiosamente anónimo, disposto
a tudo: a não tempo, a ausência de anjos e crepúsculos
e a encantada contradição das venenosas papoulas alegrava
os bandos de aves predadoras que caíam das nuvens
com os gritos mais perfeitos da desolação sem fim e sem limites
e subiam pelas escadas entre as estrelas, nada era mais suave
a uma alma dotada para os pressentimentos pessimistas
do que ver as escarpas, apenas fluxos de púrpura, das costas
de Portugal sem pensamentos. Espumas, aragens vadias, acasos
de azul e pelo vale acima tatuagens de oiro na penedia sucediam-se
entre o lento deslizar das imensas serpentes preguiçosas e morenas
repletas de anéis, sufocadas de luxúria, enroscando-se na maior
intimidade: a das distâncias dissidentes. Então o mar tinha um bramido
puro de deus sem culto, de deus insidiosamente anónimo, disposto
a tudo: a não tempo, a ausência de anjos e crepúsculos
e a encantada contradição das venenosas papoulas alegrava
os bandos de aves predadoras que caíam das nuvens
com os gritos mais perfeitos da desolação sem fim e sem limites
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