/* PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力: 2009-01

PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对 一 切 現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2009-01-30

A VIRTUOSA ULTRAJADA


Comcemos pelo mais elementar, aquele retábulo ou estábulo de ar condicionado chamado Freeport é uma grande mercearia de roupa, com cinemas anexos. A estética do monstrengo oscila entre o pós moderno e o modernista, versão Beaubourg em barato. A medianíssima burguesia, em procissão timorata e reverente, vai lá comprar os seus nirvanas: as inevitáveis roupas de marca com mais de 50% de desconto.

Vejamos os fácies de alguns intervenientes no "processo": a vice procuradora da República, a Dona Cândida, precisava de ir a um programa daqueles em que uns coachs vestimentários transformam as Indecisas e lhes cortam o cabelo por fim como deve ser, e as vestem de modo adapatado ao som de voz, pelo menos, e à anca. Quanto ao procurador da República, esse parece ter entrado na região preliminar dos transgender: parece uma velha com o cabelo comprido. Devia ter um speech teacher, o homem fala demais, roça o sopinha de massa, e enrola tudo. Enfim. Rostos da Justiça portuguesa, ambivalentes a mais não poder ser, dolorosos de contemplar. Estão em diversos séculos, sem estar em nenhum em particular. No nosso tempo é que não estão.

Ao ver o teledrama tive ainda a sensação que a malta de lá de Xima - incluindo o adrenalínico bastonário Marinho, sempre irritado, domina o poder político. Ou julga que domina. Porque estará, desde o velho Botas, a Beira tão omnipresente no hiperjudicialismo paradoxal, ao mesmo tempo mole e autoritário, que domina as narrativas e ficçoes lusas? Granitismo?

O PM lá branqueou o seu sotaque lá de Xima. Ainda diz coêlho, e iárea. Não vem daí mal ao mundo. Mas vamos ao que importa.

Tive o velho prazer abjeccionista de ouvir a 2ª declaração do PM. Estava sorridente. Não me pareceu de todo um sorriso inocente, nem sequer bonito. Antes aquele sorriso sardónico de eu topo-te, a mim não me lixas. Mas quem é que ele topava, e quem não o lixava? Homem de bastidores, discursava para o seu público de sempre, os jornalistas.

Estava vestido invevitavelmente de cinzento light, casaco ajustado nas ancas, cintado. A farda do burocrata de top, com aquele gosto a roçar pelo unigénero que tem a marca Armani. A veemência de orador de sempre. OK. defendia a sua honra, mas como defendia a sua dama?

Vá lá não gritou nem fez caretas franzidas na Assembleia. Os seus objectos de irritação de estimação não estavam lá: o reverendo Louçã, e o bispo Jerónimo. Apenas uma legião, de resto bastante timorata e respeitosa de jornalistas.

Do que o PM disse nada ficará. Nem uma só frase ficará para a história. Os seus spin-doctors são imediatistas. Querem resultados práticos instantâneos. Que é que aquela profusão de cérebros especialistas em comunicação às massas conseguiu urdir? Nem mais nem menos do que um exemplar do pensamento Paranóico clássico, a teoria da conspiração.

Desta vez há uma "Campanha Negra", obscuríssima, invisível, tentacular, que a cada passo tende a cercear e a manchar o bom nome do PM. As ilusões do bom nome do personagem são várias e diversas, porque percorrendo o café, perdão o país, e mesmo ouvindo distraidmente o que se diz pelos cafés, tudo menos o bom nome é o que ressoa.

E isto dá que pensar. Como seria Portugal liberto, por fim do seu próprio povo? Seria maravilhoso. Seria um estúdio de televisão com aquelas mesas brilhantes e imensa gente de fato cinzento à roda a discutir o futuro ou o estado eternamente caquético da nação.

Apesar da "Campanha Negra" o PM disse que não será assim que é vencido. Toque de carisma. O super-herói foi buscar mais Kriptonite lá acima. Perdão lá Axima. Ele é invencível. Contorna campanhas negras, atira-as ao tapete, corre mais depressa do que elas. Mais disse que em democracia não é a calúnia que vence. Estava implícito que era a verdade soberana, ofendida, ultrajada, mas não com o focinho na lama, quem sempre vence. E ele PM era a encarnação dessa verdade impoluta apoiada numa legalidade impecável, certamente trabalhada ao milímetro. Aquelas arquitecturas kafkianas legais que pairam nas regiões livres do pecado.
My power is truth, no fundo. Tenho carisma, já passei pelas passinhas do Algarve, etc. E eu sou a truth que leva de vencida tudo e todos.


Enfim. Há uma figura portuguesa universal já detectada por Fernando Pessoa. A do mendigo. O mendigo pede, por definição. Em voz lamurienta ou em tom de quem exige. Mas o mendigo moderno está a abandonar a lamúria. Tem outro tipo de chantagem emocional nas unhacas. É um mendigo assertivo. Não pede, exige.

Ontem o mendigo PM, que confunde o povo com os jornalistas, exigiu que acreditassem nele. Infelizmente esqueceu-se de dizer porquê. Infelizmente atrapalhou-se tanto com a Bête Noire, a Campanha Negra, que está esvoaçou à sua roda vezes sem conta antes de lhe pousar na cabeça. O campanhista negro estava encontrado. Fala, fala jacaré, quem o diz é quem o é, dizia-se na minha bastante bimba infância.

2009-01-28

Stop Palin's Attack On Beluga Whales


Center for Biological Diversity

Stop Palin's Attack On Beluga Whales


Governor Sarah Palin won't give wildlife a break. Last week, she announced the state of Alaska will sue to strike down Endangered Species Act protection for the imperiled Cook Inlet beluga whale. This rare white whale's population has already plummeted from thousands to just 375 in the last two decades. They will certainly go extinct if Palin has her way.

Our lawyers and scientists are already in court to block Palin's anti-polar bear actions, and we'll soon jump in to save the beluga from her reckless campaign to promote oil & gas interests. But we also need to build a groundswell of public support. Please help us now to protect beluga whales by sending a letter asking the Obama administration to oppose Palin's lawsuit.


January 28, 2009

Subject:
Protect Cook Inlet Beluga Whales


Dear Dr. Lubchenco,

2009-01-26

Este especialista iraniano de Deus examina um supositório.
As guerras são profundamente anais, parece-me. Sado-anais.


avaria geral de tudo e de todos


Tive uma avaria na net. Um problema num dos postes, que segundo o electricista que estava lá em cima a repará-lo fôra baleado. O homem contou-me que era corrente encontrarem águias, peneireiros e carriças e ainda mochos mortos nas linhas eléctricas pelos caçadores. E que havia muitos casos de gente a disparar contra os fios dos postes.
A conversa depois passou para os casos do dia: o Freeport, e a admirável família do nosso PM. O banco do Berardo, os estrangeiros que compraram boa parte do Algarve e os espanhóis que estão a comprar terras para olivais no Alentejo. 
Depois voltámos a falar das coutadas, onde animais (pseudo) selvagens como perdizes são criados em gaiolas, e nos dias de caça soltos para o prazer de abatê-los.
Fiquei com a impressão agravada de um pequeno país avariado emocional e mentalmente.

O homem prometeu uma revolta popular "como na Grécia."




2009-01-09


Para alguém eu sou um figo,
sim não passo disso.
Mas pode comê-lo, sou
delicioso, não tenho
acções na Bolsa. Não sou
um homem de acção.
Sou um figo de capa verde,
com milhões de pétalas dentro.
No umbigo verto mel.
Não preciso que o tipo da rádio
me explique os instantes eróticos.
Não preciso de ler o Tarot.
Leio o meu orvalho matinal.
Leio a linha de sol sobre as árvores
e sobre o mar.  


Imagem: Espingarda Browning, na reforma. Agora guardiã de figos.


Leio os jornais distraídamente
tudo o que dizem faz-me rir.
É grave a hora? Pois sim, quando
é que não foi? Baleiam-se em Gaza?
Aqui não se pode correr um véu, tipo
filhos da puta dos judeus, 
sacanas dos palestininanos.
Imagina que és um palestiniano, 
e estás a comer um pão bolorento,
acompanhado por um chá
feito pela décima vez com o mesmo
saquinho da Tetley (chá dos proletas),
e de repente te cai um fémur no crânio.
É o do teu primo, do andar de cima.
O morteiro tinha escrito na ponta
"Shalom!"
Filhos da puta são todos os que disparam,
Acho eu. E os jornais fazem-me rir,
aquele riso entre o amargo e o doce,
de quem sabe que só tem dois olhos
bem abertos (e detesta chá de saquinho)
ah, e também fémures ensanguentados
a cair pelo crânio logo de manhã
quando um tipo está apenas a tentar
sobreviver.


Foto da minha gatuna Cesarina, tirada pela S.N. que também a baptizou em homenagem ao nosso sempre querido Cesariny, o mais gato dos poetas da Blusitânia.


Ponho um pé diante do outro.
Ponho um olho diante do outro.
Ponho um corno diante do outro.
Assim o Minotauro simula que é um Unicórnio,
e este simula que é um bípede, míope,
com dois stents nas coronárias
e two cents na conta bancária.
A vida é bela, mesmo assim amarela
e enevoada. 
Depois ponho uma cabeça diante da outra,
e escondo-me atrás de montes de cabecismo,
doutrina estética que divulgarei em Cuba.
Porei um coração diante do outro,
Uma veia diante da outra.
Nada como as transparências sanguíneas
Que ensinei a Rembrandt, farto do chiaro-oscuro.

2009-01-07



A «última viagem» do comboio do Monte

António Fournier, professor na Universidade de Turim, Itália, imaginou uma última viagem no comboio do Monte e, para tal, convidou 31 passageiros, provenientes de várias paragens como Madeira, Açores, Canárias, Itália, Áustria, América do Sul, Portugal e Estados Unidos. Teolinda Gersão, Margarida Marques, Rui Miguel Saramago, Manuel Jorge Marmelo, Irene Lucília Andrade, Gain Luca Favetto, Miguel de Castro Henriques, ou Lawrence Schimler aceitaram o desafio para “entrar” na locomotiva que até meados do século passado unia o centro da cidade do Funchal ao Monte e Terreiro da Luta.
“Comboio com Asas” é o resultado desta “aventura” ficcional. O livro, que reúne uma colectânea de textos, foi lançado no dia 16 de Dezembro, na antiga Oficina do Pombal. Trata-se de mais uma obra incluída na Colecção Funchal 500 Anos e encontra-se à venda  nas livrarias da Região e no síto www.funchal500anos.com.

Recomendamos obviamente a leitura do conto do nosso amigo e quase homónimo, o escritor Miguel de Castro Henriques.
 

2009-01-06

PONTAPÉ NA MACA

Afinal passavam graves espadartes pelas laranjeiras. Afinal havia árabes escondidos entre os muros de pedra. Afinal o coração tinha raízes em todas as palavras. Afinal a carcaça era feita de mel e de ferrugem. Afinal dei um pontapé na maca e ofendi os perdões.
O antibiótico AUGMENTIN levou-me ao lado mais errado da lua. Suei o sangue das palavras. O que cavalga um homem febril? O que dizem uns pulmões com talento para a fertilidade?
Afinal havia um poeta no fundo das seringas? Afinal havia Vertigens novas, sem arrepios estéticos a galgar a coluna