PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO 反对一切現代性に対して - 風想像力

LES PRIVILÉGES DE SISYPHE - SISYPHUS'PRIVILEGES - LOS PRIVILÉGIOS DE SÍSIFO - 風想像力 CONTRA CONTRE AGAINST MODERNISM Gegen Modernität CONTRA LA MODERNITÁ E FALSO CAVIARE SAIAM DA AUTOESTRADA FLY WITH WHOMEVER YOU CAN SORTEZ DE LA QUEUE Contra Tudo : De la Musique Avant Toute Chose: le Retour de la Poèsie comme Seule Connaissance ou La Solitude Extréme du Dandy Ibérique - Ensaios de uma Altermodernidade すべてに対して

2006-02-27

My Love is as Deep as The Coasts of Portugal

Não se deve falar de amor. As revistas femininas, os políticos, os psicólogos, o último Papa e tutti quanti confiscaram a palavra, monopolizaram-na. Evol, palavra obscena. Já nada brilha nessa palavra. A música pop (o ouvido urbano endureceu tanto e tornou-se tão pouco sofisticado que come a mesma ração há 1/4 de século) também tomou conta da palavra. Os locutores da TV desfazem-se em mel. A era do amor, a área do amor, a esfera do dito.
No entanto, por ironia, aumenta o número dos mal-amados. Crimes horríveis, como o último cometido por mais de uma dezena de monstros no Porto, aumentam. Os cardeais espanhóis franquistas em nome do amor abençoavam canhões. Bush que ama Deus ordena a invasão do Iraque e prepara a do Irão. O cardeal Policarpo com uma voz tristíssima fala da alegria e do amor cristãos.
Where is love? Não está. Desapareceu de casa de seus pais e de seus mestres.Atirou-se
ao mar. Tem escamas. Está feíssimo. Tem um olho negro e o outro horrível. Coxeia. A sua barbatana é repugnante como um postal azul piscina. Aparece na cara de cada político, e bem se sabe como são feios, lentos, barrigudos e moles. Está estampado na cara dos padres (idem). Ó amor cinza! Tens o fulgor sombrio das detestações. Cada caso de sucesso a ti recorre. Editores carecas erguem-te ao alto. Todos os braços do Insecto Colectivo por ti se levantam. Nada mais velho que a juventude que te embala nos braços. Nada mais velho do que tu, amor agonizante, distribuído pelas páginas de publicidade. Pago pelas companhias de telemóveis, ó amor, velha puta.

Com a devida vénia, texto de Gonçalo Furtado de Mendonça, in os Tempos Canibais.

A Compulsão pelo Locutor Contentinho

Contrariando o clássico locutor Voz de Túmulo, de voz engravatada, surgiu já há uns tempos o Locutor Contentinho, esfusiante q.b., com uma pulsão por transmitir uma teatral alegria, de plástico.
Pode-se contrastá-lo com a Locutora cultural de Lineu, cuja seriedade e aparência de saber das coisas profundas da Arte e da Literatura, a leva às posturas matronas, à falsa gravidade.
O Locutor Contentinho obedece por inteiro ao cliché - les portugais sont toujours gais - e está obrigado a infestar tudo com piadas.
Nada contra as piadas, pelo contrário. Mas a abundância de piadas sem piada, que denota o Locutor Contentinho, no fundo transmite o que ele é : uma bola cheia de ruído, sem intento nem significado.
A chamada ( e horrível) cultura popular, que se faz ao som de tambores, fumo de bifanas, fado com fundo eléctrico, não o dispensa. Anima o eterno convívio de terceira idade em que se tornaram os programas para o povo das nossas TVs.

Admira que a terceira idade não proteste? A terceira idade em Portugal foi infantilizada, e tornada obediente. Come tudo o que lhe dão, bate palmas a tudo o que lhe põe na frente. O que interessa é o ruído contentinho contínuo.

É assim este país de fadas.

O Juíz das Mil e Uma Coisas Claras

Não existe. Os nossos juízes (togados, toga negra que os faz assemelhar a um híbrido de padre e corvo) estão presos uns aos outros pelas togas. A Justiça (no Buraco Lusitano) não é só lenta, é feia. A estética Judicial podia ser usada como depressor selectivo. Os Tribunais e as suas ornamentações na fachada e no interior(um realismo simbólico pífio, a balança, uma ou outra frase em latim inscrita no mármore) são uma representação da mão longa do Estado. Essa mão é feia.

2006-02-26

SUBDUÇÃO

Il faut donner un sens nouveau aux mots de la tribu (Mallarmé)

A maior parte dos anúncios de publicidade ( contrôles sub-liminais das preferências) estão apontados à parte mais hedonista e menos selectiva do córtex. Empregam as armas e os conteúdos mais primários e mais legíveis do discurso da sedução.

A vaga hedonista trivial da publicidade funciona como plástica recompensa para a neo-escravatura, os chamados em linguagem neocon, utentes, consumidores. Satisfações cliché, satisfações simplistas - um Eros de pacotilha.

Por isso, quando mais não seja em defesa de Giacomo Casanova, essa sedução publicitária deve ser chamada subdução.

Chips, controle, Ur-Stat

"O Sistema de Identificação de Caninos e Felinos entrou em vigor no nosso país em 2004 e tem como objectivo a identificação electrónica de cães e gatos e o seu registo numa base de dados nacional a que se dá o nome de SIRA - Sistema de Identificação e Registo de Dados.
O método consiste na aplicação subcutânea de um mircrochip, que tem o tamanho de um bago de arroz e contem um código de identificação de leitura óptica, o qual passará a constar de uma base de dados nacional, onde constará também a identificação do seu detentor..."

( in Revista Zoocultura, sem data, semestral, distribuição gratuita, tiragem média 40.000 exemplares)

O que está em jogo nesta prosa ensossa de burocrata identitário? (semellhante em estilo e conteúdo a instruções aos guardas do Gulag)

Primeiro chipam-se os cães e gatos (sem se lhes ter pedido a opinião, sendo que a opinião vigente, proto-cartesiana *, radica nos pressupostos nunca demonstrados da Ideologia da Incontestável Superioridade Racional do Homem sobre o animal), a seguir far-se-á o mesmo aos "juniores" humanos, e mais tarde a toda a população, que entrará assim na era da Optimização do Contrôle Máximo.

* René Descartes pensava que os animais são autómatos
.
A ideologia vigente, um fundamentalismo tecnicista, que suporta quase todo o já senil "discurso de modernização", aplaude mais esta proeza técnica, a introdução de um chip por via subcutânea, o primeiro passo na construção de um cyborg . À revelia da opinião de todos os felinos e canídeos lança-se mais esta pedra para a "modernizacão do país". Também não foram consultados os "donos" dos animais em causa.

Imagine-se amanhã o Sistema de Identificação de Dissidentes e de Críticos do status quo. Não está assim tão longe. O actual imperialismo socialista tende para o Ur-Stat. A normalização de todos, o contrôle, as "racionalizações".

2006-02-25

Hostil ao Enlatado

Há uma homologia estrutural entre o metro e o enlatado, entre o enlatado e o discurso publicitário, entre o discurso publicitário e a oração. Daí que entre a religião, a má comida, e o transporte de escravos (metro) haja tantas pontes de comunicação e tantos contactos inter-activos que os reforçam e consolidam como elos de uma mesma cadeia de alimentação dos Harambazords.

Quem são os Harambazords? São os que comem os vossos pobres cérebros fatigados, sub-duzidos, esburacados pelas rotinas. Em geral, os Harambazords estão nas altas esferas, e podem ter ventres esféricos ou não. Tem capacidades de morfar (to morph) e por isso podem aparecer como beldades, como locutoras carismáticas da TV, ou mesmo como cómicos-bufos (jester) da Corte Publicitária-Militar-Industrial.

2006-02-23

Jogos Malignos

Os grandes espectáculos desportivos promovem o Insecto Colectivo, o espectador sado-passivo maso-activo, de comportamento primário, maniqueísta. São de facto o Triunfo das Massas.

O leque de acções da audiência é restrito.
Vocalmente:
1) Cânticos monótonos que se repetem - ao estilo dos mantras.
2) Gritos de incitamento (repertório igulamente pobre e monótono
3) Alguns instrumentos musicais, tambores e cornetas, com o mesmo toque repetido.
4) Assobiadelas periódicas

Fisicamente
1) levantar-se e agitar os braços
2) A "ola" humana que promove a "unio mystica" entre todos os espectadores
3) Agitar bandeiras
4) Colaborar em desdobrar grandes tecidos com dizeres e ícones do clube

Diagnóstico: o futebol é uma missa para as massas.

Ou seja tem todas as características (maneirismos) de cultos de grande audiência. Uma imersão forte no SuperEgo Colectivo, esbatimento quase total da identidade, gestualidade colectiva e repetitiva e descarga simultânea de pulsões emocionais fortes (agressividade)..

2006-02-22

No Reino do Meio

S40045
Originally uploaded by Laurence Shan.

Sou um inimigo do estado.

Les Fenêtres Simultanées

Window into the Young, Creative Art Studio
Originally uploaded by katmere.

Esta é a Avenida da Liberdade. Esta é a Entrada do Bar. Esta é a Ordem da Cavalaria. Esta é a Face do Graal. Toma uma bebida, poetossaúrio. Este é o meu anel de armas. Esta é a mobilidade. Estas são todas as regiões do País do Soleníssimo Buraco. Este é Portugal visto com olhos rafeiros. Esta é uma janela freudulenta. Tonerre! Avec Mille sabords. Tup. tup. Estou atrás da janela a ver tudo a ver o nada.

2006-02-21

Crueldadesvioleta: Lucy in the Sky Without Diamonds

2006-02-20

Bombeiros

Hoje estive numa cerimónia oficial em Portugal e não estavam lá bombeiros, de modo que entrei em dissonância cognitiva. Pensei com terror e alívio que estava noutro país, a ouvir toda a gente a falar em português, mas sem nenhum bombeiro, fardado, em sentido, a conferir realidade a tudo aquilo. Mas cadé os bombeiros? perguntava a secção do meu lobo cerebral esquerdo, o que procura segurança e confirmacões da realidade habitual em toda a parte. Teria eu partido para a terceira atenção? Que coisa mais horrível, estar em Portugal numa cerimónia e não ver um só bombeiro. Quem me teria tirado o cimento mais sólido que estrutura a realidade das minhas convicções? - o bombeiro.
Vítima de um tardio e indescolável complexo de Édipo, perguntei, com muita delicadeza, a uma senhora à minha frente se ela por acaso não trabalhava nos bombeiros. Nunca vi um olhar tão agudo e tão snob perfurar-me. Ficou ofuscada e indignada só de pensar que eu pudesse ter suspeitado que ela era dos bombeiros. Os olhares de desdém perfurante, pelo menos para mim que sou meio feito de cartão e de imenso papel mal colado, são verdadeiros black and deckers. Esburacam-me, de facto e de jure, e lá perco eu litradas de linfa verde e cerveja diluída
Ao ver-se molhada de linfa verde e cerveja diluída a senhora gritou um palavrão horrível e disse: chamem a polícia. E apontava-me um dedo a tremer. Eu que não tenho nenhuma culpa de ser feito de papel e cartão ainda tentei dizer com boas maneiras que fora ela com aquele olhar pefurante, a causadora daquele género de dilúvio minimalista e involuntário, bem entendido impróprio para aquele lugar e circunstâncias, porém a senhora com ar impositivo de quem sabe sempre o que quer, ao sentir que estava com água (enfim com linfa verde e cerveja) pelos tornozelos gritou:
Chamem os bombeiros!
Senti que afinal havia sentido e simetria. Finalmente estávamos de volta a um país moderno e sem assimetrias. Abracei comovido a senhora e juntei a minha voz a dela
Sim chamem os bombeiros, por favor, E muitos.
Evidentemente a cerimónia ficou interrompida, mas tive o prazer de daí a uns tempos ver aparecer aqueles seres admiráveis sem os quais o país não avança.

O discurso da racionalização

Está a aparecer cada vez mais a palavra "racionalizar". As intenções são boas, as aplicações infernais, e a ditadura da racionalidade está a ser praticada por membros que grupos como os Racionalistas, teriam o maior prazer em não incluí-los a bordo.
Os políticos - quase só há uma espécie de políticos, os gestores - escolheram-na. Faz parte do Grande Tique Mental Corrente. Um político não pode ser mágico nem feiticeiro, nem simplesmente normal tem que aparecer, por mais errático e inconsequente que seja o seu pensamento como Racional.
Agora, p.ex, vão-se racionalizar as freguesias. As muito pequenas como o Castelo desaparecem, são anexadas a outras maiores. A história da freguesia do Castelo, os seus 236 idosos habituados a pedir prozac e a levar a injecção de insulina ao abrigo dos muros da sua mais do que centenária Junta de Freguesia? Fora com eles. Agora terão que ir de carrinho de rodas ou com asas nas muletas, ou empurrados e amparados por bombeiros para outra Junta de Freguesia. A Racionalização assim o exige.

2006-02-19

Lucy in the Sky Without Diamonds

Hoje as 4 TVs deram horas de tumulação da vedeta portuguesa das visões, a sister Lúcia. Foi um festival de ensaio de retorno a um Portugal de inquisição. Que matéria para o cartoonista e para o anti-clerical!
Viram-se todos os tipos do opressor religioso, o soft, o puro e duro, o hard e viu-se o retorno ou a re-emergência de padres todos vestidos de negro.
O povo simples, entrevistado por um locutor pio de voz respeitosa e salazarenta, "não tinha palavras". Mas curioso que o "povo simples" sejam sempre umas sexagenárias, salpicadas de iliteracias provincianas, e que chora, não de emoção mas de puro emocionalismo.
Os padres entrevistados congratulavam-se com o crescimento de Fátima. Onde só havia umas leiras de terra da família Marta, agora cresce uma Reboleira, cheia de lojas que vendem imagens de uma jovem anémica, de olhar embaraçado e sorriso neurótico, a famosa Senhora de Fátima.
(Veste-se assim no céu, estilo freira de luxo?)

Articulando este evento, a quem foram dadas honras de chefe de Estado, com outro recente, o ataque à redaçcão do Jornal 24 horas pelos gorilas do Procurador da República, não há dúvidas que podemos sem leviandade concluir que agora dispomos de um Partido Socialista de Direita !

2006-02-18

L'oeil gros du crapaud

Premier jour polyglotte utilisant une langue en voie d'extinction. Et première question : Europe, la déesse kidnapée par Jupiter, a-t-elle besoin d'être défendue contre la montée des sectes islamiques?

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